Rede comunitária para acesso ao mercado pelos produtores orgânicos

Korin é destaque no caderno de economia do O GLOBO

18 de fevereiro de 2013 Korin Alimentos.

Conhecida por seus frangos e ovos orgânicos, a Korin (se pronuncia “kô-rin”) tem chamado a atenção não só pela qualidade de seus produtos, mas também por comportamentos pouco convencionais para o mercado. A maior parte de seu catálogo de produtos não rende lucros — e a empresa não pretende se desfazer deles —, seus principais executivos não recebem bônus por seu desempenho e em todos os meses de agosto é realizado um culto em memória dos animais abatidos em sua matriz, em Ipeúna, interior de São Paulo.

“Pedimos a Deus que as aves sejam salvas no mundo espiritual, que nos perdoem e que compreendam que não foram sacrificadas por esporte, prazer ou ganância, mas sim para que dentro dos objetivos naturais da cadeia alimentar, venham a se tornar alimento dignificado e valorizado pelo ser humano que tem a missão maior de construir o paraíso terrestre” — diz a oração repetida no culto do ano passado por mais de mil pessoas.

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Por trás dessas práticas, estão os preceitos da Igreja Messiânica, religião criada em 1935, no Japão, por Mokiti Okada. Ela tem na agricultura natural (livre de pesticidas e fertilizantes químicos) um de seus principais pilares de salvação, ao lado da religiosidade e do culto ao belo. Os princípios religiosos balizam a ação da empresa desde seu lançamento, em 1994, com o objetivo de dar continuidade ao trabalho de desenvolver um mercado nacional de alimentos orgânicos, trabalho que a Igreja Messiânica já vinha fazendo desde 1978 no Brasil.

— A igreja cuida da parte religiosa, do espírito, a Fundação Mokiti Okada se responsabiliza pelo belo, e a Korin cuida da coluna da agricultura natural — diz Reginaldo Morikawa, diretor da empresa e ministro messiânico. A empresa é controlada pela igreja e seis sócios, todos praticantes.

Por ter nascido para impulsionar um objetivo mais amplo que o meramente comercial, a empresa só começou a dar lucro a partir de 2009. No ano passado, a Korin registrou um ganho líquido de R$ 2 milhões, para um total de R$ 61 milhões de faturamento. A rentabilidade pequena reflete a filosofia de incentivar várias áreas da alimentação orgânica com mais de 60 produtos, de verduras a mel e café. A maior parte delas, que inclui frutas e vegetais, ainda fecha no vermelho.

O que mantém o resultado positivo é a produção dos frangos orgânicos e livres de antibióticos, que responde por 85% do faturamento da empresa. O produto também é a vedete da recém-lançada rede de franquias da Korin, com lojas em São Paulo, Natal e Lauro de Freitas, na Bahia. Segundo Morikawa, já existem três empresários no Rio também dispostos a desembolsar os R$ 350 mil de investimento exigidos pela franquia. A dificuldade estaria em encontrar pontos livres na cidade. Depois de São Paulo, o Rio é o segundo maior mercado da empresa.

— Se fôssemos uma empresa convencional, talvez teríamos nos especializado em apenas uma área, em vez de desenvolver tantas atividades — diz o diretor comercial da companhia, Edson Shiguemoto.

A empresa planeja crescer 6% este ano, atingindo a marca de R$ 65 milhões de faturamento. Para isso, está dobrando a produção de ovos, atualmente em 9,6 milhões por ano, e a de frangos de corte, hoje em 9,2 milhões de toneladas. Na produção de ovos, a Korin deve trazer mais 40 mil galinhas poedeiras na linha de produção, por meio de um parceiro. Além disso, a companhia aguarda a liberação de empréstimo de R$ 20 milhões do BNDES para mecanizar seu abatedouro, o que deve elevar a capacidade de processamento de 16 mil para 30 mil frangos por dia ainda neste ano.

O coração dessa estrutura foi erguido numa propriedade de 171,2 hectares em Ipeúna, onde são produzidos os ovos e os frangos. Ali, uma pequena capela da Igreja Messiânica lembra a presença constante da religião nas atividades da Korin. As granjas respeitam as normas de bem-estar animal, deixando as galinhas soltas, com acesso a áreas externas e poleiros, podendo botar seus ovos nos ninhos que escolherem, ao contrário do regime tradicional em que ficam confinadas numa gaiola com área equivalente à de uma folha A4. Em contrapartida, a produtividade equivale a um quarto da registrada na concorrência, segundo o diretor industrial da empresa, Luiz Demattê.

O consumidor agradece a qualidade do produto, mas precisa pagar mais por esse serviço. Hoje, é possível encontrar o quilo do frango orgânico da Korin por R$ 15, o dobro do preço dos concorrentes.

— Nosso produto é mais caro, mas queremos que os consumidores entendam que estão pagando por um produto que respeita mais o animal como ser e que, por isso, tem valores intangíveis. Estamos ajudando a desenvolver os mercados de alimentos orgânicos no Brasil — afirma Demattê.

Fonte: O Globo

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