Unilever compra empresa brasileira de orgânicos Mãe Terra

A Unilever, multinacional britânica-neerlandesa, anunciou nessa segunda-feira (2), a compra da empresa brasileira de alimentos naturais e orgânicos Mãe Terra. A multinacional fez o anúncio em Londres, sem revelar os valores da transação.
A estratégia da Unilever segue a tendência das grandes companhias de alimentos, que passam por uma série de aquisições de players menores para atender a uma nova demanda do mercado, em um momento de mudanças significativas nos hábitos dos consumidores.
Ao passo em que tentam se adaptar a uma sociedade cada vez mais preocupada com a saúde, as grandes companhias de alimentos processados têm enfrentado obstáculos em encontrar soluções a partir de seus próprios portfólios. Diante disso, a saída tem sido optar pela compra de marcas independentes, que já possuem um público fiel devido a sua autenticidade.
No último dia 9, a multinacional já havia feito uma aquisição no ramo alimentício ao comprar a empresa britânica de chás Pukka Herbs. O valor da transação também não foi revelado. O CEO da empresa, Paul Polman, tem se mostrado ativo nessas aquisições. Em abril desse ano, a Unilever pagou US$ 140 milhões pela Sir Kensington’s, fabricante de ketchup e maionese veganos.
Nos últimos cinco anos, a Mãe Terra vem faturando mais de R$ 100 milhões/ano e registrando um crescimento de mais de 30%. A empresa conta, atualmente, com cerca de 300 funcionários e vende mais de 100 produtos integrais, sendo muitos deles orgânicos. Seus principais produtos são as granolas, os snacks, os cookies integrais, os cereais e os farináceos integrais, como aveia e quinoa. Segundo a Euromonitor, líder mundial em pesquisa de estratégia para mercados consumidores, o mercado brasileiro para esses produtos gira em torno de € 8 bilhões/ano.
A Mãe Terra, ao lado da Natura, são as únicas companhias brasileiras de expressão a conseguirem o selo da B Corp, uma organização que certifica empresas que usam o poder de seus negócios para resolver problemas sociais e ambientais.
Segundo uma fonte ligada ao setor, a empresa brasileira vinha sendo abordada repetidamente nos últimos meses por fundos de private equity e investidores estratégicos como a Nestlé, que também teria feito uma oferta.
“A Mãe Terra tem um grande acompanhamento no Brasil e fortalece nosso portfólio de alimentos, permitindo acelerar nossa expansão no crescente segmento de produtos naturais e orgânicos”, afirmou em nota Fernando Fernandez, presidente da Unilever Brasil.
De acordo com o comunicado da multinacional, a gestão da Mãe Terra continuará com o management atual, visando preservar a cultura e a visão da companhia, democratizando o acesso a produtos naturais e orgânicos no Brasil.
A Unilever é dona de mais de 400 marcas de alimentos e bens de consumo (como Hellmann’s, Knorr, Omo e Rexona) e possui mais de 169 mil funcionários no mundo todo.
Sobre a Mãe Terra
Fundada em 1979, a empresa foi comprada em 2007 por Alexandre Borges, que observava a marca há anos e resolveu investir no negócio após conhecer a Whole Foods, rede norte-americana de supermercados especializada na venda de produtos orgânicos e naturais.
Criado em uma família que mantinha uma horta orgânica no quintal, Borges dizia desde criança que queria trabalhar no ramo. Anos mais tarde, quando trabalhava como trainee da Mastercard em St. Louis, conheceu os supermercados da rede Whole Foods. “Fiquei obcecado. Falei ‘tenho que trabalhar aqui e aprender esse negócio para levar para o Brasil'”. Assim, conseguiu um emprego de caixa noturno, passando dois meses na empresa.
Antes de comprar a Mãe Terra, Borges fundou e vendeu duas empresas: a Flores Online e a Significa, vendida à Edelman em 2010.
Mas nenhum dos negócios anteriores chegou a ter o tamanho e a expressão que a Mãe Terra conquistou entre as jovens marcas de alimentos saudáveis.
A empresa ganhou visibilidade em julho de 2015, ao fazer um acordo com a companhia aérea Gol, fornecendo seus snacks naturais para serem servidos nos vôos da companhia. Atualmente, a Gol serve de 2,5 a 3 milhões de snacks por mês em seus vôos.
Fonte: Brazil Journal
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