Grupo de alunos de mestrado da Universidade Católica de Lisboa visita Fazenda Tamanduá
Na semana de 04 a 08 de abril, um grupo de alunos de mestrado da Católica Lisbon School of Business & Economics (Escola de Economia e Negócios da Universidade Católica Portuguesa, localizada em Lisboa), teve a oportunidade de visitar a Fazenda Tamanduá e conhecer, na prática, seus diferentes projetos de sustentabilidade.
A visita do grupo à Fazenda faz parte das iniciativas da Universidade em ampliar a importância da Sustentabilidade no escopo do seu trabalho. Hoje, o Center for Responsible Business & Leadership (CRB), um centro de investigação da UCP, é a grande referência da Faculdade para as questões associadas ao Desenvolvimento Sustentável, e busca promoever conhecimento sobre os Objetivos de Deesnvolvimento Sustentável, sua importância e desafio para o setor privado. Dentro deste contexto, em 2021, o CRB promoveu a primeira SDG Week, um evento que, durante uma semana, reuniu centenas de alunos durante seis sessões para debater sobre esta temática. O evento de uma semana encerrou com um desafio aos alunos, que deveriam pensar em como solucionar um desafio global associado aos Objetivos de Desenvolvimetno Sustentável.
Um júri que contou com participação especial do Grupo Ageas Portugal foi responsável por selecionar o grupo campeão, que, a convite do Dr Pierre Landolt, teve a oportunidade de ir ao Brasil conhecer, na prática, diferentes projetos sustentáveis que estão contribuindo poisitivamente para o desenvolvimento socio-economico e ambiental da região.
O grupo, formado por jovens de 22 a 29 anos, incluia grande diversidade: uma brasileira, uma libanesa, um canadense, um belga e dois alemães. Uma geração de diferentes contextos e culturas com um grande interesse em comum: entender mais sobre as práticas sustentáveis e os processos biodinamicos que fazem da Fazenda Tamanduá referência no setor.
Durante os cinco dias em que estiverem na Fazenda, os alunos tiverem a chance de aprofundar seus conhecimentos por meio de diferentes projetos, abrangendo os três pilares da sustentabilidade: social, econômico, ambiental e um quarto, o “cultural”, de acordo com Dr. Landolt. O grupo teve a chance de conhecer sobre os processos bionâmicos e entender mais sobre a integração dos animais com o meio ambiente; teve a oportunidade de conhecer o processo de produção da spirulina orgânica e teve acesso ao vasto conhecimento de Flávio sobre as abelhas. Esteve nos pastos da Fazenda onde conheceu os caprinos e ovinos, passearam a cavalo e conheceram as plantações de manga. Foi neste momento em que aprenderam mais sobre os enxertos da manga que estão sendo desenvolvidos na Fazenda, que irão permitir um maior número de árvores (densidade) por área. As árvores serão menor (em tamanho), o que facilitará a coleta do fruto, feita de forma manual, e a sua produtividade será compensado pelo numero elevado de árvores.
O grupo visitou também a Usina de Reciclagem de Atrevida, onde teve a oportunidade de discutir o seu modelo de negócios, mecanismos financeiros, e entender seus principais desafios, como as questões associadas à certicações e a falta de conscientização dos clientes na hora de separar o lixo para descarte.
Os alunos também visitaram uma mina de ouro e tiveram a chance única de conhecer todo o processo de garimpo sustentável do ouro à céu aberto. A grande diferença desse processo reside, principalmente, na forma como o mercúrio é usado durante o processo – apenas na etapa final, e de forma muito controlada, a fim de evitar qualquer tipo de contaminação da água e do ambiente. O reuso da água também é muito importante na mina, tendo em vista a vasta quantidade utilizada. O grupo também pode conhecer a história local e passar pelo que é hoje uma cidade fantasma, em que na décade de 40 foi uma comunidade de mais de 6 mil famílias que vieram a região explorar o que na época foi um dos maiores pólos de ouro do país.
O grupo foi ainda a cidade de Patos conhecer o Instituto de Microcrédito Estrela, fundado há 17 anos por Pierre, e que, desde então, tem contribuído muito para o desenvolvimento socioeconômico da região. O instituto, que já apoiou 54.000 clientes, trabalha com uma metodologia única de “grupos” que garante empréstimos sejam sempre concedidos a um grupo de empresários que se reúnem para apoiar uns aos outros. Hoje, 65% dos clientes do instituto são mulheres, que, por meio do microcrédito, têm a possibilidade de ganhar o próprio sustento e alcançar a independência financeira. Durante a visita, os alunos tiveram a oportunidade de conhecer alguns desses clientes e ver na prática o tipo de negócio que a Estrela está apoiando. A visita foi definitivamente um ponto alto para os alunos. Segundo Zachariah, um dos estudantes que participou da visita “o tempo que passei na Fazenda Tamanduá foi uma das experiências mais enriquecedoras e únicas que já vivi. Apesar de todas as atividades terem sido super interessantes à sua maneira, a minha preferida foi, com certeza, a visita aos clientes da Estrela”.
No último dia, os alunos tiveram a oportunidade única de conhecer um caso prático do ODS 17, sobre a importância da construção de parcerias. A Fazenda Tamanduá, que há anos mantém estreita relação com os órgãos de proteção ambiental da região, como o IBAMA e a Polícia Ambiental Federal, está hoje articulando uma nova parceria com objetivo de proteger a fauna local. A iniciativa faz parte de uma parceira entre a Fazenda Tamanduá, a Polícia Federal, o IBAMA e o curso de Veterinária da UNIFIP, Centro Universitário de Patos, e surge da necessidade de se criar, no interior da Paraíba, um centro de primeiros socorros para animais silvetres resgatados nesta região. Hoje, os animais que estão sob cuidado da Polícia devem ser encaminhados para a capital do estado, no litoral, o que causa enormes transtornos, envolve uma série de custos e é um processo altamente ineficaz para todos os envolvidos. O objetivo da parceria é promover a capacitação de todos os envolvidos no resgate desses animais e a criação de um centro de triagem na Fazenda Tamanduá onde os animais possam receber cuidados prestados pelos alunos do curso de Veterinária. Os animais, após o período adequado, serão reintroduzidos na natureza. É um processo de “circuito fechado”, que, por meio do apoio mútuo, permite o desenvolvimento de todos os parceiros, essenciais no desafio de manter protegida a fauna local.
O nordeste brasileiro é uma região rica em cultura e história. Neste sentido, Dr. Landolt fez questão de promover uma verdadeira imersão na cultura nordestina aos alunos, que provaram pamonha, queijo de coalho, canjica de milho, bode assado, e tiveram a chance de prestigiar uma verdadeira noite de forró na Fazenda, com quadrilha com os moradores.
Segundo Maxime, um dos participantes, “as pessoas da Fazenda são verdadeiramente simpáticas e apaixonadas. Apesar de não sabermos falar a sua língua, os seus sorrisos e entusiasmo foram além de qualquer palavra! Guardarei sempre estas memórias e espero sinceramente que poder voltar à Fazenda um dia”
De acordo com Max, outro aluno do grupo “a semana que passamos na Fazenda Tamanduá nos proporcionou uma visão inspiradora e impressionante sobre a sustentabilidade da agricultura biodinâmica. Além disso, tivemos um olhar de primeira mão sobre o Instituto Estrela de microcrédito e seu incrível impacto sobre as realidades socioeconômicas de muitas pessoas onde trabalha. Foi um tempo que me me proporcionou a levar várias descobertas e uma grande inspiração para a minha pesquisa na área do desenvolvimento sustentável.
Fornecer aos alunos exemplos da “vida real” é absolutamente crítico na Educação, especialmente quando se trata dos desafios ambientais. Isso é o que esta experiência pretendia alcançar. Nós, da Universidade Católica Portuguesa, representados pela Católica Lisbon School of Business & Economics e pelo Center for Responsible Business & Leadership somos profundamente gratos a Pierre Landolt e Fazenda Tamanduá por tornar isso possível!
Fonte: Marcelo Negreiros