Rede comunitária para acesso ao mercado pelos produtores orgânicos

Café: técnica orgânica rende preço acima de mercado

6 de fevereiro de 2012

Técnica orgânica rende preço acima de mercado a cafeicultores da BA

Base da adubação da lavoura é o composto orgânico.
Quase toda produção é exportada para os Estados Unidos e a Europa.

Um grupo de produtores de café da Chapada Diamantina, na Bahia, que apostou no sistema biodinâmico, uma técnica orgânica de cultivo, conseguiu preços acima do mercado por causa da alta qualidade do produto.
O clima da Chapada Diamantina é perfeito para o café. Encravada no coração da Bahia, boa parte de seus 31 mil quilômetros quadrados tem mais de 700 metros de altitude, o que deixa a temperatura amena, do jeito que a lavoura gosta. Hoje, o café ocupa perto de 45 mil hectares, pouco mais de 1% da área da Chapada. A maior parte dos cafezais é cultivada no sistema convencional.

(Foto: Reprodução/G1)
Um grupo de agricultores produz mais do que a média nacional e venda o café até pelo dobro do preço. A fazenda Terramater tem 90 hectares e fica no município de Ibicoara. O dono, o agrônomo Adeodato Menezes, planta café há quase 30 anos. No começo, a lavoura era tocada no sistema convencional, mas um tinha um detalhe que incomodava. “A monocultura é muito vulnerável, é um sistema que não tem equilíbrio biológico”.
Para fugir da monocultura, em 1998 Adeodato decidiu mudar o jeito de produzir e implantou o conceito da agricultura biodinâmica, que é uma modalidade de agricultura orgânica. Como na agricultura orgânica, a biodinâmica também não usa veneno nem adubo químico industrializado e busca sistemas de produção mais parecidos com o que acontece na natureza.

A maior parte da fazenda é destinada à preservação. Dos 90 hectares, apenas 22 vêm sendo usados pela família. Oito são de pasto e dez estão ocupados por roças temporárias, terreiro e outras construções. O cafezal, que tem pouco mais de quatro hectares, é todo sombreado por fruteiras e árvores nativas. O sombreamento reduz a temperatura dentro da lavoura e ajuda a conservar a umidade do solo. Além disso, as folhas que caem no chão mantêm a terra coberta e viram matéria orgânica, o que contribui para a nutrição das plantas.

As ruas entre os cafeeiros também são usadas para a produção de outros alimentos, como o milho. Na agricultura biodinâmica, boa nutrição e equilíbrio são fundamentais para a saúde das plantas. Por isso, a adubação é caprichada, feita com composto orgânico, fosfatos e biofertilizantes naturais. É importante lembrar que na biodinâmica não tem receita pronta. Cada agricultor deve encontrar o melhor jeito de trabalhar respeitando o lugar onde vive.

Os agricultores Luca Allegro e Nelson Ribeiro são vizinhos de porteira e se conhecem há mais de 30 anos. No final da década de 1990 cada um tinha 40 mil pés de café. Eles eram pequenos produtores que não tinham recurso para investir nas lavouras. Então, surgiu a ideia de transformar amizade em sociedade.

A primeira mudança foi a conversão dos cafezais para o sistema biodinâmico. O segundo passo foi sombrear o café. A base da adubação da lavoura é o composto orgânico, feito com casca de café, esterco, minerais naturais e os preparados biodinâmicos. As plantas também recebem uma dose de fosfato natural. A quantidade de cada adubo aplicado na lavoura é baseada na análise de solo que Nelson Ribeiro faz duas vezes por ano. Na época da colheita, as cascas e a água da lavagem do café também viram alimento para as plantas.

Uma ferramenta importante para ter sucesso na produção de café orgânico e biodinâmico é a escolha de variedades que se adaptem melhor a esses sistemas. O pessoal da fazenda trabalha com quatro variedades diferentes de café. A maior parte dos cafeeiros é das variedades catuaí amarelo e vermelho.

Para conferir a matéria na integra, clique aqui.

Fonte.: Globo Rural

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