Conquistas do movimento orgânico em 2012
O ano de 2012 foi um período de conquistas e novos desafios para o mercado orgânico. Além de questões como, alimentos geneticamente modificados, resíduos de pesticidas e patenteamentos, novos assuntos pautaram as discussões sobre sustentabilidade. Políticas que coíbem a utilização de animais em testes para produção de cosméticos, e a rotulagem de alimentos que possuem nanomateriais, foram algumas discussões suscitadas pela sociedade que colaboraram para o fortalecimento do movimento orgânico.
A engenharia genética é um problema encontrado em todo o mundo, e em toda parte encontra oposição. De um lado, o domínio de conglomerados como a Monsanto, do outro, o aumento de movimentos de resistência contra a utilização de sementes geneticamente modificadas. Em 2012, na Califórnia, mais de 800 mil assinaturas foram recolhidas para que alimentos que continham ingredientes geneticamente modificados obtivessem uma rotulagem especial acusando a presença desse tipo de ingrediente, o que provocou a realização de um referendo sobre o assunto.

Por mais de um ano, diversas iniciativas trabalharam para alcançar este objetivo. Especialistas estavam convencidos de que uma lei sobre rotulagem na Califórnia teria repercussões em todo os Estados Unidos. Porém, nas últimas semanas antes da votação, uma aliança da indústria da engenharia genética e da indústria de alimentos investiu US$ 40 milhões em uma campanha midiática, a fim de mudar as previsões, e eles conseguiram o que queriam. A campanha “We have the right to know” (Temos o direito de saber), encabeçada pelos opositores da engenharia genética falhou, porém movimentos de boicotes a determinados produtos continuam.
Outra polêmica este ano, envolveu o cientista francês Gilles-Eric Séralini e sua equipe. Ele realizou uma investigação na qual analisaram-se ratos que tinham uma alimentação baseada em milhos geneticamente modificados (NK603), produzidos pela Monsanto. O estudo revelou alta incidência de câncer. Infelizmente a European Food Safety Authority (EFSA), instituição que avalia a segurança alimentar na Europa, criticou o estudo por deficiências metodológicas, e ainda considerou desnecessária a realização de outra pesquisa sobre o assunto, o que gerou protestos em todo o mundo.
O importante é que cada vez mais pessoas estão preocupadas e envolvidas na busca de uma alimentação saudável e de uma agricultura sustentável, seja indo às ruas para protestar contra excessos da indústria agrícola, seja para criticar a crueldade praticada contra animais. Em janeiro, pela segunda vez, o movimento “We’ve had enough” (Nós tivemos o suficiente) foi realizado em Berlim, com cerca de 23 mil participantes. Ao longo do ano, muitas iniciativas, órgãos de defesa do consumidor e organizações como o Greenpeace, Peta e Attac chamaram a atenção das pessoas para os abusos cometidos pela agroindústria. Com isso, o movimento orgânico apresenta um caminho diferenciado, apresentando soluções para questões importantes como as mudanças climáticas, tendo como pontos favoráveis seu poder de inovação e sua criatividade.
Fonte: Organic-Market.Info
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