Em crise, fumicultores encontram alternativa em produtos orgânicos

O cultivo de produtos orgânicos tem sido a alternativa encontrada por fumicultores do Sul de Santa Catarina para garantir renda e não acumular dívidas. O consumo de tabaco no Brasil tem diminuído, em média, 6% ao ano, o que já fez com que 21 mil famílias deixassem o plantio.
Em Santa Rosa do Sul, o agricultor Niozé Neri de Matos chegou a produzir 100 mil pés de fumo há cinco anos, mas hoje a safra não passa dos 45 mil pés. “Eu tinha uma produção bem grande e agora estou tendo que diminuir a cada ano. A tendência é acabar e investir em outra atividade”.
A estimativa é de que 670 toneladas do produto sejam descartadas todos os anos, por causa da diminuição de consumo. Com mais oferta do que procura, os produtores começaram a investir em alternativas incentivadas pelo Programa Nacional de Diversificação em Áreas Cultivadas com Tabaco. Com assistência de cooperativas de engenheiros agrônomos e da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), os agricultores estão cultivando produtos como frutas e hortaliças sem o uso de agrotóxicos.
“A gente sabe que o tabaco vai render muito ainda, mas não podemos deixar esta situação de lado porque o consumo está diminuindo cada vez mais. Estes incentivos do governo federal em parceria com as cooperativas são muito importantes porque dão a garantia de renda às famílias”, explica a coordenadora do programa na região, Cristine Lopes de Abreu.
O cultivo de orgânicos aumenta o valor dos produtos em cerca de 30%. Hoje, se o agricultor produzir com certificação e fornecer alimento para a merenda escolar, o governo federal garante R$ 9 mil através da Companhia Nacional de Alimentos (Conab) e mais R$ 6,5 mil para vender aos municípios.
Na propriedade da agricultora Joreni Feliciano dos Santos, o fumo já foi descartado há três anos depois que a família teve um prejuízo de R$ 25 mil. A transição começou com o maracujá e agora o cultivo se estendeu para vários tipos de verduras e legumes. Até galinhas estão sendo criadas.
“Com o fumo a gente trabalhava triste e sem lucro. Agora está mais tranqüilo, temos mais qualidade de vida. Sem contar que sempre sobra dinheiro no fim do mês”, conta Joreni que vende os produtos para os vizinhos e mercados da própria comunidade.
Fonte: G1
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