Produção Agroecológica Integrada e Sustentável na Paraíba

O Sítio Oiti, localizado a aproximadamente 140 quilômetros da capital, João Pessoa, é uma referência para os produtores que tiram o sustento da terra sem agredir a natureza. Lá tudo é ecologicamente correto. O PBAgora visitou a propriedade e teve acesso as técnicas usadas para gerar emprego, renda e qualidade de vida.
A técnica utilizada graças ao apoio do Sebrae mudou a vida do agricultor Antônio Rodrigues de Araújo, 64 anos, que usava agrotóxicos nas plantações e agora cultiva produtos orgânicos.
Ele encontrou no Sebrae o parceiro que precisava para recuperar a auto estima e construir uma nova forma de lidar com a terra. O solo encharcado com a água que brota do poço artesiano, numa profundidade de 35 metros, ou retirada da caixa d’água de 48 mil litros, faz brotar produtos saudáveis e de qualidade incontestável pelo mercado.
Seu Antônio, até então acostumado com o sistema convencional, passou então a utilizar a nova tecnologia sem saber que os resultados ficariam além de sua expectativa. Ele é um dos mais de 200 agricultores já foram capacitados na Paraíba e ficaram aptos para utilizar as novas ferramentas. Depois que decidiu aderir ao projeto e implantar uma unidade em sua propriedade, no sítio Oiti, ele mudou a sua forma de lidar com a terra. E recomenda o mesmo para os produtores vizinhos que resistem à ideia. “Aqui tudo mudou para melhor em 100%. Nem se compara com o passado” revela.
Os produtos geraram mais dinheiro e compromisso com o meio ambiente. A Produção Agroecológica Integrada e Sustentável (PAIS) já mudou a vida de quase 500 famílias paraibanas. Somente nos últimos dois anos, o Sebrae na Paraíba implantou 150 unidades em seis municípios, totalizando 470 em 42 cidades. A perspectiva é que mais 100 unidades sejam instaladas somente este ano.
Para aderir ao projeto, Antônio teve que se adequar as exigências do Sebrae e dos demais parceiros. A capacitação foi primordial para ele aprender os segredos e as formas de adubar a terra sem o uso de veneno. Como recompensa recebeu um kit composto de equipamentos para irrigação, telas, arames, ferramentas, uma caixa d`água, 10 galinhas, um galo, sementes de hortaliças e mudas frutíferas, além de material para construção de viveiro de mudas.
Para corresponder às exigências do projeto, ele também teve que fazer outras adequações em sua propriedade. A cerca de arame foi substituída por uma cerva viva. Um enorme cinturão verde rodeia sua propriedade. As hortas e um quintal agroecológico são movidos por um sistema de irrigação por gotejamento, o que evita desperdício de água. Em tempos de seca, a água utilizada para regar as hortaliças é reaproveitada. Um sistema bombeia a água que volta para dentro de uma caixa com capacidade para armazenar 480 litros. “Aqui não falta água graças a esse sistema” contou ao PBAgora.
Os resultados surgiram em pouco tempo. Seu Antônio conta que antes tinha muitos prejuízos, porque vendia a mercadoria por um preço muito baixo e não se incomodava em usar veneno. “Muita coisa mudou na nossa vida depois do PAIS. Os produtos agora têm destino certo e valem mais”, ressalta o agricultor.
Desde que implantou o projeto, a produção cresceu de forma surpreendente. Os pedidos também. Ele chega a faturar em média até R$ 4 mil por mês mas já pensa em ampliar os negócios e reforçar a receita. Na propriedade são cultivadas quase 50 tipos de hortaliças, como alface, couve, cenoura, coentro, couve-flor, repolho, espinafre, cebolinha, rabanete, quiabo, maxixe, abóbora, chicória e rúcula, entre outras. Ele vende parte dos produtos nas feiras de Campina Grande e Lagoa Seca, supermercados da região e a outra parte repassa para a Fazenda Tamanduá, que comercializa as hortaliças para grandes supermercados do Nordeste e até do Rio Grande do Sul.
E os benefícios não param por aí. A família trabalha unida e tem uma alimentação mais saudável. “A nossa vida mudou muito. Aumentamos em mais de 80% a produção”, revelou Antônio da Silva, genro de seu Toinho. A Fazenda Tamanduá, que tem duas unidades na Paraíba, sendo uma em Sousa e outra em Patos, é a principal cliente do agricultor. A fazenda fornece as embalagens ecologicamente corretas e o certificado de cada compra.

Há sete meses, os técnicos do Sebrae na Paraíba contam com uma ferramenta para ajudar no trabalho desenvolvido junto às comunidades que adotaram o projeto. Trata-se do PaisWeb, programa criado pelo setor de Tecnologia da Informação do órgão, que permite aos técnicos traçarem um perfil socioeconômico de cada unidade.
“Lançamos no programa todos os dados coletados e, a partir dessas informações, temos condições de saber qual a situação de cada unidade, além de acompanhar diariamente a quantidade de orgânicos produzidos e ter um controle do consumo e da venda, por exemplo. Isso facilita nas tomadas de decisões na hora de elaborarmos novos projetos”, explica o analista do Sebrae e gestor estadual do projeto, João Bosco da Silva.
fonte: PBAgora
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