Eucalipto transgênico ameaça produção de mel orgânico
As plantações de Eucalipto já ocupam 5,1 milhões dos 6,6 milhões de florestas plantadas no Brasil. O eucalipto geneticamente modificado em laboratório garante ganho de 20% de produtividade, já que a árvore adquire mais massa e cresce em menos tempo.
A proposta de comercialização do produto foi apresentada pela empresa FuturaGene à Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBIO), empresa de biotecnologia. Porém, cientistas veem risco de contaminação de outras plantações. Já produtores e exportadores de mel (cuja produção é atrelada ao eucalipto), alertam para o perigo de perda do mercado externo. “A ideia é levar as plantações geneticamente modificadas, mais produtivas, para mais perto das fábricas”, explica Eugênio Ulian, vice-presidente de assuntos regulatórios da FuturaGene.
Atualmente, 35% da produção brasileira de mel vêm do eucalipto, e para ser aceito como produto orgânico, não pode apresentar qualquer traço de transgenia. Além disso, o eucalipto exerce grande atração para as abelhas e dessa forma, elas produzirão mel com traços transgênicos. O mel brasileiro vem de abelhas que se alimentam em florestas nativas e diversificadas. Para a Associação Brasileira dos Exportadores de Mel (Abemel), é justamente esse diferencial do produto brasileiro lá fora que pode ser perdido.
“O Brasil conseguiu se tornar competitivo no mercado de orgânicos, e a norma do mel é clara: não pode ter nenhum pólen transgênico. Com florestas inteiras de eucalipto transgênico estamos arriscados a perder mercado. Todo lote exportado é analisado e, se houver algum traço transgênico, ele é descartado”, afirma Joelma Lambertucci, secretária-executiva da Abemel.
Fonte: O Globo