Hortas domésticas e agricultura urbana
“Hortas domésticas e agricultura” é um tema que tem uma relação com algumas políticas públicas em Hortolândia como o convênio (lei estadual) com a agricultura familiar para o fornecimento de alimentos para as escolas municipais e também a tentativa do vereador “Zezé” em estabelecer hortas comunitárias no município que, no entanto, não foi aprovado pelo legislativo.
Este tema foi abordado no último sábado, 14, pelo Prof. Humberto Luiz Munaretti Pires (de Jaguariúna) em Ribeirão Preto a convite do Centro Estudantil Josué de Castro do curso de Nutrição e Metabolismo da USP.
Através de convite do Centro Estudantil Josué de Castro do curso de Nutrição e Metabolismo da USP, o morador de Jaguariúna, Humberto Munaretti, ministrou neste ultimo sábado, 14, uma palestra sobre “Hortas Domésticas e Agricultura Urbana” na USP em Ribeirão Preto.
A palestra teve como objetivo trazer para dentro da universidade a problemática da atual forma de produção de alimentos e como as pessoas podem, a partir de técnicas de agricultura urbana, produzirem alguns tipos de alimentos orgânicos dentro de suas próprias casas, diminuindo os gastos e aumentando a qualidade da alimentação.
Tive o privilégio de apresentar esta palestra para um grupo de pessoas que realmente se preocupa com a condição atual da qualidade dos alimentos que comemos. Discutimos muitas técnicas de como cultivar alimentos orgânicos em espaços reduzidos, como gerar menos lixo, como aproveitar melhor a água e diminuir o consumo de energia, descreve Humberto.
Segundo o jaguariunense, é possível encontrar muitos dados que relatam o uso abusivo de agrotóxicos na nossa comida e a relação dessas substâncias com o aumento da incidência de doenças graves como: o Alzheimer e o câncer. Estes dados estão disponíveis para toda a população nos relatórios da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), na Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ), Organização Mundial da Saúde (OMS), dentre muitas outras fontes.
O fato de não nos preocuparmos com a origem de nossos alimentos, reflete a perda da cultura alimentar que estamos enfrentando nos dias atuais. Qualquer pessoa que se preocupe minimamente com a própria saúde e a de sua família; deve começar reparando nos tipos de alimentos que consome e de que forma estes são produzidos, completa o palestrante.
Para Humberto, uma horta doméstica, além de criar um ambiente agradável e nos proporcionar alimentos de ótima qualidade, cria em nossos lares um espaço de muito aprendizado e diversão. Crianças e adultos pode vivenciar juntos processos encantadores como a germinação das sementes, o crescimento das plantas, a abertura das flores, a polinização, a frutificação e o preparo do alimento. Trazer essas experiências para o nosso cotidiano é o que o ser humano atual precisa. Nossa rotina anda tão agitada que mal temos tempo para reparar nesses processos naturais e contemplar a maravilha que é poder dividir a vida com esses fenômenos. A pessoa que se permite estar mais próxima da terra e dos demais seres vivos se torna também mais humana.
Mesmo com o chão das nossas casas sendo completamente revestido de pisos e cimento, usando técnicas como, por exemplo, as hortas verticais, nós podemos cultivar algumas espécies vegetais, basta termos uma boa terra, água e sol, explica.
Humberto também ressaltou a importância de incentivarmos e valorizarmos a agricultura familiar, que é responsável por 70% dos alimentos que estão em nossas mesas.
Muitas pessoas acham que nosso alimento vem dos grandes latifúndios e das agroindústrias, quando estes na verdade só produzem commodities. Nossa comida vem dos agricultores familiares, que são os mais explorados e negligenciados pelo modelo agrícola do país. Temos que nos aproximarmos dos agricultores e ajudá-los a garantir que nossos alimentos sejam produzidos de maneira orgânica.
Como Humberto é de Jaguariúna, ele menciona que a cidade tem um grande potencial para a agroecologia e para a produção e consumo de alimentos orgânicos; no entanto, os princípios da agroecologia podem ser aplicados em qualquer município e ambiente que a pessoa viva. Aponta ainda, que Jaguariúna “possui várias áreas espalhadas pelo município que poderiam ser melhor aproveitadas com hortas e bosques” e isso não é diferente com os demais municípios e porque também não dizer de Hortolândia?
Humberto Luiz Munaretti Pires tem 27 anos, é morador de Jaguariúna, graduando em Agroecologia pela Universidade Federal de São Carlos, professor de Ecologia Humana no Colégio da Villa e também trabalha na Embrapa Meio Ambiente.