Agricultura Orgânica no Brasil cresce 30% ao ano e movimenta R$2,5 bilhões. Vejam as oportunidades
Seja você um produtor rural pequeno, médio ou grande, existe sempre um modelo de produção que poderá lhe trazer uma renda extra diferenciada. Não podemos mais deixar este segmento da agricultura, ser tratado como algo “alternativo”.
Boa leitura e espero que ao final, vocês queiram também aprofundar-se ainda mais neste tema.
NO MUNDO:
As estatísticas mais recentes sobre a agricultura orgânica no mundo trazem números surpreendentes. Já estão sendo cultivados atualmente cerca de 42 milhões de hectares. No quadro abaixo vocês podem observar quais são os países de vanguarda em quantidade de hectares cultivados com orgânicos:
O Brasil aparece como a quinta maior potência mundial em agricultura orgânica com apenas 940 mil hectares cultivados. Apenas como comparação lembramos que no Brasil temos hoje, 240 milhões de hectares dedicados à agropecuária convencional e uma reserva de terras agricultáveis ainda a ser explorada de aproximadamente 55 milhões de hectares.
Ou seja, temos a maior disponibilidade de terras agricultáveis e principalmente, a maior possibilidade de conversão para a agricultura orgânica. Somos também no universo orgânico, “a menina dos olhos de ouro”.
CRESCIMENTO MUNDIAL:
Enquanto a produção mundial cresce a uma taxa média de 4,5% ao ano, o Brasil vem registrando nos últimos 5 anos um crescimento de 30% ao ano.
Países como Japão, Argentina e Estados Unidos registram crescimento elevado quando comparados ao crescimento médio de suas economias como um todo. No caso da Argentina, que nos últimos anos vinha enfrentando até crescimento negativo do PIB, os orgânicos despontam ainda mais.
A União Europeia representa hoje o maior polo consumidor e importador de orgânicos do mundo e mesmo assim também cresce acima da média de todos os segmentos da economia.
Voltando ao Brasil, na minha visão, este crescimento de 30% ao ano deve-se a um único fator. Embora a Lei Federal que regulamenta os orgânicos no Brasil tenha sido criada em 2003, passadas algumas atualizações, somente em 2011 adequou-se aos padrões exigidos pela União Européia.
Com isso a grande lacuna entre a demanda Européia e sua capacidade de produção, têm sido supridas pela importação. Os produtos brasileiros hoje adequados estão ganhando rapidamente este mercado e impulsionando todo o seguimento nacional.
VOLUME DE NEGÓCIOS:
Os números oficiais indicam que o faturamento bruto global envolvendo produtos orgânicos certificados em 2015 atingiram U$80 bilhões. Já no Brasil o faturamento oficial, chegou a R$2,5 bilhões somente em 2015.
Segundo vários especialistas, a demanda por alimentos orgânicos tem sofrido grande demanda nestes últimos anos devidos principalmente, aos inúmeros estudos científicos que têm comprovado uma ligação muito íntima entre determinadas doenças humanas, com o consumo de alimentos processados, embutidos, colorificados, aromatizados, emulsificados e etc. Ainda nesta linha, está também o medo da população com relação ao efeito residual de agrotóxicos nos alimentos, em especial frutas, verduras e legumes.
A ingestão de alimentos com alto residual de agrotóxico são noticiados pelos órgãos de fiscalização sistematicamente. Os volumes levantados, muitas vezes são centenas de vezes maiores que o permitido pela Organização Mundial de Saúde.
NO BRASIL OS DADOS SÃO AINDA MAIS PROMISSORES:
Muitas vezes quando a valorização de um determinado produto fica notória para todos os segmentos da sociedade, a primeira afirmação que escutamos é: Mas agora não adianta produzirmos mais… O mercado vai começar a ceder! Isso é modismo… Não vamos investir nisso que daqui a pouco ninguém mais escuta falar neste segmento… Entre outras ponderações.
No caso específico da agricultura orgânica isso é exatamente ou contrário. Veja no quadro abaixo o número de produtores e de propriedades que estão sendo convertidas para o sistema orgânico:
Vejam que entre 2014 e 2015 o incremento varia entre 32% e 52% no que tange a unidades de produção e números de agricultores orgânicos respectivamente. Agora quando o número de agricultores orgânicos é comparado de 2014 até abril de 2016 quase dobra! Ou seja, está crescendo a 30% ao ano, mas os números preliminares de 2016 mostram ainda mais força para crescer.
COMO PENSAM OS CONSUMIDORES DE ORGÂNICOS:
A razão pelo crescente incremento de produção, com certeza é a demanda. Ninguém produz aquilo que não se vende! E mais ainda, ninguém produz aquilo que não se vende com lucro!
Sendo assim, queremos elucidar os nossos leitores com informações muito valiosas sobre o perfil do público consumidor de produtos orgânicos. Veja o quadro abaixo:
1-) Frequência de consumo
83% dos consumidores abordados por pesquisas de mercado de extrema confiabilidade, dizem que já consomem orgânicos frequentemente ou às vezes. Chama muito a atenção neste tema, que 24% dos consumidores já consomem frequentemente. Ou seja, ¼ do mercado potencial de consumidores de alimentos, querem orgânicos.
2-) Importância do consumo
93% dos consumidores julgam de importante a muito importante procurar alimentos orgânicos para comporem sua alimentação básica e diária. Reforço neste item que isoladamente, quanto a MUITO IMPORTANTE, 64% dos entrevistados disseram que são.
Vejam esta condição de demanda o quanto é importante para uma tomada de decisão!
3-) Fatores de limitantes de consumo
Definitivamente preço e disponibilidade são os maiores entraves para o setor. Estes dois fatores estão intimamente ligados. Primeiro porque a produtividade dos orgânicos ainda é mais baixa que a produtividade dos cultivos convencionais. Sendo menos produtivos os preços são maiores para compensarem a renda. Os preços sendo maiores limitam as faixas sociais que podem adquirir.
Com relação à disponibilidade, pouquíssimos produtores já conseguiram alcançar produção em larga escala, o que de certa forma, é o fator limitante para que os supermercados e redes atacadistas invistam na distribuição deste “nicho” de produção agrícola.
Não estando nas prateleiras de supermercados, fica difícil para boa parte dos consumidores. O perfil das famílias economicamente ativas dos atuais tempos não permite que você faça as suas compras em dois ou três lugares… Todos querem entrar em um supermercado e comprar todas as suas necessidades de uma vez só em único lugar.
4-) Composição dos consumidores
A maioria dos consumidores de orgânicos são mulheres, são bem informados e esclarecidos, possuem renda familiar acima de R$6.000,00, compram objetivamente frutas, legumes e verduras.
Prestem bem a atenção nestas informações. Vale a pena investir neste segmento, uma vez que este público tem poder aquisito alto, sabem diferenciar um produto de qualidade e compram com o olhar “de mãe”.
**NUNCA SE ESQUEÇAM DE QUE NÃO BASTA SER ORÂNICO, É PRECISO TER CERTIFICAÇÃO.
A legislação brasileira estabelece que para você certificar sua produção orgânica, as propriedades devem buscar a certificação por auditoria para poderem utilizar o selo oficial nos seus produtos. O selo é fornecido por organismos de avaliação de conformidade credenciados pelo Ministério da Agricultura. Eles são os responsáveis pelo acompanhamento e fiscalização dos produtos.
A certificação garante a origem e forma produtiva do alimento que chega ao consumidor, atestando que a produção está em harmonia com o meio ambiente. É o Governo Federal através de seus órgãos de fiscalização que emitem o selo de Produção Orgânica.
CONCLUSÕES
As mudanças climáticas, o superaquecimento do planeta, escassez de água potável e a alta desigualdade social vivida nos tempos atuais, estão definitivamente, tornando as pessoas mais detalhistas e preocupadas com o meio ambiente seja qual for a sua área de atividade.
A palavra sustentabilidade faz parte hoje da vida de todos nós não só nas salas de aulas, mas principalmente no ambiente de trabalho, onde passamos boa parte dos nossos tempos. È comum ver empresas hoje que se preocupam com o consumo de papel, empresas hoje que se preocupam com o consumo de copos plásticos para beber o café e a água. É comum hoje em ambientes de trabalho hoje em dia, os móveis e a utilização da energia elétrica serem pensados desde a reciclagem até o racionamento de utilização. Cresce a cada dia os investimentos no reuso das águas de chuva também para as instalações corporativas.
Os alimentos orgânicos representam tudo isso, uma vez que na certificação está incluso não somente a proibição do uso de agrotóxico, mas sim que o sistema de produção seja socialmente e ecologicamente correto.
Infelizmente é preciso ressaltar também, que a nossa fiscalização fitossinatária é falha em vários aspectos e que chegam sim a diariamente a mesa dos brasileiros, frutas, verduras e legumes com altíssimo residual de agrotóxicos, comprovadamente cancerígenos.
As exportações de produtos orgânicos começaram a ganhar volume em 2011 quando adequamos nossa legislação interna aos parâmetros mundiais, e tem sido extremamente demandada criando um mercado maior que o interno com muita demanda e liquidez.
Senhores produtores rurais, vamos nos permitir a desenvolver uma segunda atividade dentro de parte das nossas propriedades? Porque não analisamos o potencial de produção e separamos uma parte das nossas propriedades para serem convertidas para o sistema orgânico? Podemos começar com uma cultura, duas que sejam, até três e iniciamos assim, uma atividade extra dentro da fazenda?
Vamos pensar nisso? O debate de boas ideias e mais conhecimento sobre o tema, é o primeiro passo… Podemos fazer isso através do Blog, o que acham?
Vamos que Vamos AGRO!
Fonte: Blog do Daniel Dias