Algodão e gergelim orgânico
Era o ano de 1985, e o bicudo infestava as lavouras de algodão no Nordeste. Em busca de alternativas à pluma, castigada pela praga, a Embrapa Algodão iniciou suas pesquisas com diversas culturas, entre elas o gergelim. De lá para cá, a estatal lançou cinco cultivares da semente e, mais recentemente, vem fomentando o cultivo orgânico de gergelim no semiárido nordestino.
No processo de escolha do gergelim como uma das culturas alternativas ao algodão, os pesquisadores levaram em conta sua resistência à estiagem, típica da região. No caso das variedades desenvolvidas pela Embrapa Algodão, sediada em Campina Grande (PB), optou-se por cultivares de ciclo de produção precoce (entre 90 e 100 dias), mais adequados às regiões de regimes irregulares de chuvas, relata Nair Arriel, pesquisadora da instituição.
Apesar dos esforços, a produção de gergelim no semiárido é ainda é bastante desorganizada. “Não temos estrutura de comercialização, e nossa produção é irregular”, diz Nair, explicando a ausência de estatísticas para a semente produzida na região.
No semiárido, o gergelim não é destinado à indústria, como no Centro-Oeste, mas quase todo vendido nas tradicionais feiras de alimentos. O consumo local se dá na forma de óleo (feito artesanalmente), tempero, bolos e até mesmo de leite – rico em vitaminas e com propriedades antioxidantes.
De olho num possível mercado de exportação, a Embrapa Algodão passou a fomentar, ainda que em pequena escala, o cultivo orgânico em comunidades do Piauí, Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba.
No Piauí, por exemplo, o “Projeto Gergelim Orgânico“, em São Francisco de Assis, região sudeste do Estado, produziu apenas 7 toneladas em 2007, primeiro ano do projeto. Neste ano, porém, os 122 produtores envolvidos colheram 50 toneladas, comercializadas com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Para a safra de 2012, que vai de janeiro a março, a previsão é alcançar 100 toneladas.
Noutra frente, o “Projeto Dom Hélder Câmara”, contempla mais de 63 assentamentos distribuídos entre os municípios de Inhamuns (CE) e Sertão Central (CE), Apodi (RN), Cariri (PB), Araripe (PE) e Pajeú (PE). Em 2011, foram produzidos cerca de 10 toneladas.
“Com um volume de produção frequente, você passa a ter mercado externo certo. E há uma demanda real na Europa por produtos orgânicos”, lembra Nair.
Fonte: Valor Econômico
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