Rede comunitária para acesso ao mercado pelos produtores orgânicos

Alimentos orgânicos terão preços mais baixos no RJ

25 de agosto de 2014

Com o apoio do Sebrae/RJ, a inauguração do Pavilhão Orgânico tem previsão pra ocorrer no fim deste ano e já foi discutida pelos técnicos da Ceasa, integrantes da CPOrg e outras associações. Através desse investimento no setor, os produtos que antes sofriam elevação de preços por falta de estímulos, terão preços cerca de 10% mais baratos.
Desde maio a Ceasa/RJ (Central de Abastecimento do Estado Rio de Janeiro S/A) providenciou a recuperação do Pavilhão 30, atendendo às reivindicações de agricultores, que terá 80% do seu espaço destinado à agricultura familiar e sua comercialização gratuita, trazendo estímulos para suas vendas; além disso, o Pavilhão de Produtos Sazionais foi inaugurado em abril deste ano e será utilizado para que ocorra a venda de produtos de todo o Estado do Rio, presentes na safra.
O projeto já está sendo apoiado por restaurantes através do programa Parceiro do Agricultor, que teve sua inauguração neste último sábado. O programa é uma iniciativa do Instituto Maniva em parceria com o Sindicatos de Bares e Restaurantes do Rio, o SindRio. Com o apoio do Governo e da Prefeitura, o projeto auxiliará os agricultores, tendo em vista as suas dificuldades quando tentam vender nos centros urbanos.

Fonte: O Dia Online

 

Carioca terá alimento mais saudável e barato na mesa

Com investimento em produtos orgânicos na Ceasa, agricultores esperam baixar preços em 10%. Levantamento aponta que 80% das empresas são familiares

Helio Almeida

Rio – O Rio terá seu primeiro mercado de alimentos orgânicos, aqueles cultivados sem produtos químicos, como as hortaliças que já são encontradas nos supermercados. A iniciativa pretende incentivar o segmento e tornar o produto, no mínimo, 10% mais barato. A proposta faz parte da modernização da Central de Abastecimento do Rio (Ceasa), em Irajá. De acordo com um levantamento inédito, 80% da produção vendida no local são de empresas familiares.

O Pavilhão Orgânico será montado em uma área de 348 metros quadrados. As etapas para instalação do centro orgânico foram discutidas no último dia 15 de julho entre técnicos da Ceasa, integrantes da Comissão da Produção Orgânica do Rio (CPOrg) e de associações ligadas ao setor. A inauguração do espaço deve acontecer até o fim deste ano.

Hortaliças orgânicas já chegam aos supermercados. Iniciativa pretende incluir outros alimentos produzidos pela agricultura familiar

Foto:  Divulgação

“Nós queremos fazer um grande mercado atacadista com esses alimentos para baixar os preços dos produtos”, adianta o coordenador do escritório Zona Norte do Sebrae, Leandro Marinho. Segundo o consultor, a demanda do produto orgânico é grande, mas a ausência de mais estímulos faz o alimento ter preço elevado.

“Na Zona Norte, por exemplo, não há referências de estabelecimentos de produtos orgânicos, apesar de haver público consumidor”, esclarece o coordenador. Os produtos orgânicos são mais caros do que os convencionais em função do maior trabalho com os alimentos, explica a presidenta da União das Associações e Cooperativas de Pequenos Produtores Rurais do Estado do Rio de Janeiro (Unacoop), Maria Helena Timóteo dos Santos.

“O cultivo do produto orgânico precisa de um cuidado especial, como um filho recém-nascido”, compara. “Se o segmento for incentivado, acredito que, de início, o preço pode ficar 10% mais baixo em comparação ao preço atual”, afirma. “Se o consumidor final for até a Ceasa, o desconto pode ser maior, porque não há o preço do frete”, acrescenta.

Pequenos produtores participam de levantamento sobre comercialização de produtos orgânicos no Rio

Foto:  Divulgação

Segundo dados do programa de Assistência Técnica e Extensão Rural, o estado tem 20 mil produtores com a Declaração de Aptidão ao Pronaf, que dá ao agricultor familiar o acesso à políticas públicas de incentivo. Desse total, dois mil têm potencial para o sistema orgânico. Isso significa que 10% dos agricultores podem migrar para modalidade alternativa.

Para investir em negócios de orgânicos, as empresas se mostram preparadas juridicamente. Segundo levantamento do Sebrae feito em junho, 98% das microempresas são formalizadas e 99,2% das de pequeno porte estão na mesma situação. Por outro lado, a maioria dos empreendedores individuais (60%) é informal. “Temos a possibilidade de formalizar todos. Também queremos regularizar os trabalhadores que encaixotam os produtos e os carregadores, além do entorno do mercado”, diz Marinho.

A maioria das empresas atende até 500 clientes por dia e 23% chegam a mais de mil. Diariamente, 47% comercializam até R$ 5 mil, e 20% superam R$ 20 mil em suas vendas diárias. Em um levantamento mensal, 19,3% superam R$ 500 mil em suas vendas e 9,7% ultrapassam R$ 1 milhão. A média de funcionários formais que trabalham na Ceasa é de 15 trabalhadores, e a de informais é de 3. Contudo, 61,1% das empresas não têm interesse em ampliar o número de pessoal.

Produtos frescos o ano todo

Outro ganho em prol da agricultura foi a recuperação do Pavilhão 30, que vai destinar 80% do espaço para o fomento da agricultura familiar, permitindo a comercialização gratuita para os produtores. Desde maio, a Ceasa assumiu diretamente o pavilhão, concedendo a facilidade para estimular as vendas.

Ainda pensando no agricultor familiar, a Ceasa inaugurou em abril deste ano, no mercado de Irajá, o Pavilhão de Produtos Sazonais. O espaço ocupará uma área de 1.710 metros quadrados e será usado para a venda de produtos de todo o Estado do Rio que estejam na safra.

A criação de um local específico para esse grupo era uma antiga reivindicação dos agricultores, que enfrentavam as dificuldades de vender sua produção sob sol e chuva. Os produtores comemoraram e já batizaram a área como “pavilhão da couve-flor”, por conta do produto que é vendido, praticamente, o ano todo.

Mas para esse sucesso, os pequenos receberam auxílio do Sebrae. Foi o que aconteceu com Azildo Pereira Genevy, produtor rural em Santo Antônio de Pádua, que já colhe frutos de uma boa safra. Antes, Azildo só plantava tomates e fazia uso indiscriminado de agrotóxicos em sua plantação. “Depois da orientação, passei a plantar hortaliças, legumes e frutas”, explica Azildo. “Minha renda aumentou e até ampliei minha casa (de quatro para nove cômodos). Agora quero comprar uma caminhonete”, planeja o produtor.

Para Teresa Corção, do Maniva, restaurantes precisam participar

Foto:  Divulgação

Restaurantes já compram orgânicos

Foi lançado no último sábado o programa Parceiro do Agricultor. A iniciativa do Instituto Maniva em parceria com o Sindicato de Bares e Restaurantes do Rio (SindRio) pretende incentivar a comercialização da produção agrícola orgânica no Rio. Apoiado pelo governo do estado e prefeitura, o projeto tem o objetivo de fortalecer o papel dos agricultores familiares que, muitas vezes, têm dificuldades de vender diretamente seus produtos nos centros urbanos.

“Este programa possui uma lógica reversa. O sistema atual é focado na oferta e não na demanda. Queremos agora estimular os restaurantes a participarem desta iniciativa”, explica a chef de cozinha Teresa Corção, fundadora do Maniva.

Agricultora orgânica familiar, Fátima Anselmo fornece seus produtos a vários restaurantes cariocas. “Acredito que este programa fortalecerá a agricultura familiar em todo o estado. Isso dará condições aos agricultores de vender seus produtos e de se manter no campo. Vendo para vários restaurantes da alta gastronomia no Rio de Janeiro”, conta Fátima. Segundo ela, o Circuito de Feiras Orgânicas tem sido fundamental para ajudar os produtores. “Estamos chegando diretamente ao consumidor”, diz.

 

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