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Associação de Produtores Orgânicos moderniza sistema de certificação

24 de novembro de 2015

Associação de Produtores Orgânicos

Campo Grande (MS) – A grande crise que o setor produtivo de Mato Grosso do Sul atravessou em 2005 serviu de trampolim para que um grupo de pecuaristas da Região da Nhecolândia, no Pantanal, desse um importante salto para a certificação da “Carne Sustentável do Pantanal” – destacando o diferencial e garantindo rendimento aos pecuaristas que se organizaram por meio da Associação Brasileira de Produtores Orgânicos no Estado (ABPO-MS),

A primeira certificação que o grupo procurou foi a orgânica. Para valorizar o homem pantaneiro, sua cultura e os processos produtivos que historicamente preservaram o bioma Pantanal, o sistema de produção da “Carne Sustentável do Pantanal” trabalhou buscando garantir, segundo o atual presidente da ABPO-MS, Leonardo Leite de Barros, o bem-estar animal em todas as fases do processo produtivo, a minimização dos impactos negativos que os processos produtivos possam representar para a sociedade, a conservação dos recursos naturais da biodiversidade e a preservação dos ecossistemas, disponibilizando um produto saudável para o consumidor final.

Para a certificação, a ABPO-MS cumpria então as diretrizes vigentes para o padrão de qualidade orgânica, estabelecidas pelo Instituto Biodinâmica (IBD), de Botucatu (SP), com quem trabalha até hoje, a legislação publicada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que regulamenta a produção e comercialização, além de seu protocolo próprio.

A fazenda de propriedade do primeiro presidente da ABPO-MS, Homero Fligliolini, que foi a primeira a receber a certificação orgânica no Estado para atividade pecuária, também foi uma das primeiras do Brasil. Mesmo com o trabalho em andamento, certificando outras propriedades, a aliança da cadeia produtiva não ocorreu de imediato.

Segundo Leonardo, não existia, à época, o interesse do frigorífico em comunicar uma diferenciação ao consumidor, o que não dava a associação mecanismos para ser melhor remunerada por esse produto. “Para os frigoríficos era mais interessante tratar a carne como uma commoditie e fazer qualquer tipo de seleção dentro da planta frigorífica mesmo”, explicou.

A primeira importante aliança mercadológica só se consolidou anos depois, em 2007, com a empresa JBS, com quem foi firmado o primeiro contrato de fornecimento de animais, que teve duração de sete anos.

Durante todo período dessa parceria, classificada como sucesso pela associação, Leonardo conta que o produto era comercializado com a marca “organic beef” e os associados recebiam 10% a mais, sobre o valor da arroba do boi.

Contudo, o produto permanecia mais como diferencial de portfólio para a indústria frigorífica e o objetivo da ABPO-MS era ter uma série de produtos com qualidade diferenciada. Assim, contando com o apoio de importantes parceiros como a WWF Brasil e a Embrapa Pantanal, ao final do contrato com a JBS, a ABPO-MS começou a focar seus esforços na realização do sonho de alçar voos mais altos.

Entendimentos que já vinham sendo mantidos com a empresa Korin (braço comercial da Igreja Messiânica) se estreitaram durante uma visita de um grupo de pesquisadores e pessoas ligadas essa Igreja há cerca de três anos e resultaram na consolidação de uma parceria comercial que dura até os dias de hoje.

Com a parceria da Korin, empresa que defende o consumo e produção de produtos naturais, a ABPO-MS então começou a procurar meios para certificar a origem dos animais e a Embrapa que já trabalhava no desenvolvimento uma ferramenta que trata de produção orgânica no pantanal contando com a participação direta da associação, se tornou o caminho.

“A empresa usou nossa aliança mercadológica e a produção orgânica para incrementar estudos relacionados ao desenvolvimento de tecnologias adaptadas à região do pantanal e a certificação orgânica e estes estudos resultaram numa ferramenta chamada FPS que é possível que colocaremos em uso em breve”, comentou o presidente, lembrando que a FPS é um projeto cientifico que na prática deve avaliar a questão ambiental das propriedades que estão sendo certificadas.

As especificidades do Pantanal, que tem mais de 30 espécies de gramíneas catalogadas pela Embrapa, transferem para o produto final, a carne, um sabor e um diferencial de solubilidade. Sabendo disso e depois de conhecer os processos de produção dessa carne, a Korin resolveu incrementar a certificação da origem, através de um protocolo próprio, que oferecia ao consumidor final um produto especial.

A “Carne Sustentável do Pantanal”, que já era certificada por um protocolo da ABPO-MS, ganhou então mais atributos com o protocolo da Korin, que adicionou pré-requisitos que a empresa entendia serem demandas do consumidor que eles atendiam.

O protocolo, que então passa a ser chamado de ABPO/Korin, controla desde a proibição do uso de ureia na alimentação dos animais, do uso de agrotóxicos químicos para o combate de invasores na pastagem, até a administração de vermífugos que só podem ser utilizados até os 12 meses, comenta Leonardo, lembrando que ele se baseia em três pilares básicos da sustentabilidade: o econômico, o social e o ambiental.

Segundo explica Leonardo, o pilar econômico trata de todas as questões relacionadas a rentabilidade dessas propriedades, o social trata da convivência com os colaboradores, e tem coisas especificas, como a obrigação dos associados de garantir o acesso a escola para os filhos destes colaboradores e o ambiental que será consolidada com a implantação da FPS, que ao ser utilizada para certificar a propriedade lhe dará o título de “Fazenda Pantaneira Sustentável”.

O primeiro encontro entre a equipe da ABPO-MS e da Embrapa para este trabalho, aconteceu nos dias 19 e 20 passados, na Fazenda ‘Nhumirim’ de propriedade da Embrapa, próxima ao município de Corumbá. Nesta primeira etapa o grupo recebeu treinamento do programa FPS.

Durante os dois dias na Nnhumirim, técnicos da própria ABPO-MS e do IBD receberam treinamento para se capacitarem como avaliadores e inspetores. Eles foram orientados sobre os tipos de informações que devem coletar no campo, como essa coleta deve ser realizada, e como as informações são transformadas em certificação.

“Uma coisa é o estudo cientifico e outra coisa é tradução dele numa certificação”, ponderou Leonardo, destacando que o grupo deve incrementar paulatinamente novos itens a essa certificação. Alguns desses itens, serão elaborados com vistas a atender as exigências do Governo do Estado, com quem costuram uma parceria buscando incentivos.

Segundo Leonardo, as conversações estão bastante avançadas e desde que assumiu, o governador Reinaldo Azambuja tem dado demonstrações de grande interesse no apoio ao fomento da atividade de forma sustentável no Pantanal.

“O incentivo que estamos estudamos não contemplará apenas a pecuária do Pantanal, mas toda atividade realizada de forma sustentável naquela região. A ADBO e o Governo do Estado, através da sua equipe da Secretaria de Produção, já estão alinhados. Acreditamos que deveremos ser chamados para sentar e preparar a quatro mãos essa proposta, tendo ainda auxílio das entidades representativas do setor, como a Famasul, a Acrissul, os sindicatos das cidades do entorno do pantanal, entre outros”, comenta Leonardo, lembrando que recentemente esteve junto do vice-presidente da ABPO, Nilson de Barros, na Secretária de Produção conversando com Fernando Lamas e alguns membros de sua equipe.

Ainda na oportunidade daquela reunião o Secretário Fernando comentou que o governador teria lhe recomendado atenção especial a esse projeto, solicitando-lhe que buscasse caminhos para agraciar as atividades sustentáveis no pantanal como a que se apresenta através do sistema da ABPO.

 

Fonte: Notícias MS

 

 

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