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Bagaço de uva é reaproveitado por indústrias

13 de novembro de 2014

                                                                                                                                    042712_0149_Safradeuva223

 A prática sustentável e econômica começou a ser desenvolvida em 2008 pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O insumo a partir do bagaço de uva, geralmente descartado durante a produção do vinho, poderá ser utilizado por outras cadeias produtivas, como as indústrias farmacêutica, alimentícia, e cosmética.

 Segundo Lourdes Cabral, pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos, a cada 100 litros de vinho processados são gerados 30 quilos de resíduos (bagaço, gavinhas e borras), o que equivale a 210 mil toneladas por ano. “Hoje, a indústria paga a outras empresas para retirar o engaço da sua planta. Parte do resíduo é vendida ou doada como fertilizante. Algumas processadoras vendem o tartarato, composto que é formado na fabricação do vinho. Mas, de um modo geral, ainda não há um aproveitamento importante do bagaço”, afirma.

 O uso de resíduos da agroindústria está dentro do conceito de química verde, que prevê a redução da poluição nos processos químicos e o aproveitamento máximo da matéria-prima, minimizando ou eliminando a geração de poluentes. Mesmo sendo de fonte natural, a matéria orgânica gerada na decomposição do bagaço de uva pode se proliferar e contaminar o ambiente. “Além da grande quantidade de resíduos gerados, em torno de 16% do total de frutas processadas, eles são produzidos durante curto espaço de tempo (a safra da uva dura aproximadamente três meses) e apresentam características poluentes como baixo pH e elevados teores de compostos que resistem à degradação biológica”, explica Lourdes.

 Por outro lado, de acordo com a pesquisadora, a composição é rica em fibras, proteínas e compostos fenólicos, com potencial de gerar produtos inovadores e funcionais. ” O principal desafio desse tema é gerar processos tecnicamente viáveis, mas que sejam economicamente competitivos. Como consequência da demanda dos consumidores por produtos naturais, as indústrias são pressionadas a buscar alternativas aos aditivos químicos, incrementando o uso de aditivos naturais, que, por meio do conceito de aditivos multifuncionais, agregam valor a esses produtos”, destacou.

 O bagaço de uva também pode ser transformado em barrinhas de cereais, como apontou o trabalho da pesquisadora Renata Tonon, ou gerar um extrato rico em fibras solúveis para a indústria alimentícia, segundo a pesquisa em andamento, sob coordenação da pesquisadora Caroline Mellinger, ambas da Embrapa Agroindústria de Alimentos.

 

 

Fonte: Embrapa

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