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Cargill aposta em projeto de soja responsável

23 de setembro de 2011

Programa que reduz desmatamento ilegal na Amazônia realizado no Pará recebe US$ 3 milhões para expandir sua abrangência. Segundo município mais importante do Pará, cogitado para ser capital do estado do Tapajós, se ele for realmente criado, Santarém é objeto de uma experiência promovida pela Cargill que será ampliada este ano com a doação de US$ 3 milhões para a organização não-governamental The Nature Conservancy (TNC).

Trata-se do projeto Soja Responsável, baseado na regularização ambiental das propriedades de mais de 150 produtores de grãos, comprados pela empresa e exportados.

Com a nova doação, a Cargill espera levar o projeto para outra dezena de municípios do norte do Mato Grosso, e testar sistemas de monitoramento do impacto ambiental nos locais onde já obteve resultado.

“Pretendemos identificar pontos de aprimoramento na prática agrícola a partir do conhecimento já obtido com o mapeamento das propriedades”, diz Afonso Champi, responsável por assuntos corporativos da Cargill.

Esta é uma etapa posterior ao cadastramento das propriedades dos municípios de Santarém e da vizinha Belterra e do seu georreferenciamento, que permitiram a identificação da área desmatada e de derrubada de árvores por meio de imagens de satélites.

Agora, a ideia é fazer a análise de campo e o reflorestamento quando necessário para obedecer o Código Florestal que delimita áreas de preservação permanente (APPs) e reserva legal.

Além disso, a TNC deve continuar o monitoramento do desmatamento e, em três anos, ter 80% das propriedades dos municípios de Santarém e Belterra com o Cadastro Ambiental Rural (CAR), primeiro passo para os produtores cumprirem as exigências do Código Florestal e obterem o licenciamento obrigatório.

“O mapeamento e a inclusão de imóveis rurais no CAR são fundamentais para o controle do desmatamento ilegal”, afirma Francisco Fonseca, coordenador de estratégia da TNC para a Amazônia. “É uma ferramenta importante no planejamento econômico e ambiental da região.”

Início turbulento

Antes do programa começar a funcionar, em 2004, a sede da Cargill nos Estados Unidos pressionava a filial brasileira a tomar uma atitude em relação à soja que comprava na região, proveniente de propriedades com problemas fundiários e que desrespeitavam de alguma forma a legislação ambiental.

Embora apenas 5% do volume de grãos exportado pela empresa no seu terminal portuário de Santarém viessem da região, a imagem da Cargill estava comprometida com o desmatamento da Amazônia.

Foi então que a empresa se associou à TNC para iniciar o projeto e convidou produtores locais a participar de programas de orientação de recuperação da floresta e da organização de uma agenda socioambiental.

Dois anos depois, tornou pública a sua intenção de só comprar soja de produtores que atendessem os critérios ambientais estabelecidos pela TNC. A proposta foi pioneira à moratória da soja, compromisso da associação de produtores de não adquirir grãos de áreas desflorestadas no bioma.

Opção pelo cacau

A ideia é replicar iniciativas como essa para outros municípios paraenses e no norte do Mato Grosso. Além disso, a Cargill agregou ao projeto o seu interesse em fomentar o desenvolvimento de um outro produto fora a soja: o cacau. Nativo da região amazônica, o cacau representa uma oportunidade de recuperação de terras desmatadas, ao mesmo tempo que oferece a pequenos agricultores uma alternativa economicamente viável à especulação de terras e a pecuária.

Com apoio técnico da TNC e da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira do Pará (Ceplac), a Cargill, maior processadora de cacau da América Latina, pretende fazer um projeto piloto de produção de cacau em São Félix do Xingu e Tucumã, para aumentar a produção brasileira.

“O cacau cresce bem à sombra de outras árvores e pode funcionar como uma transição para o retorno à floresta nativa, enquanto fornece uma fonte de renda alternativa de curto e longo prazo para pequenos produtores que praticam a pecuária em áreas pequenas”, diz Laerte Nogueira Porto Moraes, líder da unidade de negócios de cacau e chocolate da Cargill.

fonte:  Agrolink

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