Cultivo agroecológico aumenta renda de cafeicultores

A mudança do cultivo tradicional de café para o orgânico e/ou sistema ecológico está fazendo diferença no bolso dos agricultores. Além de preservar o meio ambiente, os produtores estão experimentando a confortável sensação de melhorar a qualidade de vida da família.
Em 2000, o cafeicultor Jésus Lopes aceitou o desafio de plantar café orgânico no sítio Pedra Redonda, que fica em Araponga, a 260 quilômetros da capital Belo Horizonte. De lá pra cá, a renda que era de apenas um salário mínimo passou para R$ 4 mil, o equivalente a seis salários. Jésus já sabe o que é progresso. “Comprei mais terra, um microtrator. Faço cursos de qualidade, participo de concursos e há 10 anos exporto café por meio de uma cooperativa do sul de Minas”, conta. Os 1.300 pés, hoje são quase 20 mil.
Jésus e outros cafeicultores da região foram incentivados pelos pesquisadores da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Paulo César de Lima e Waldênia de Melo Moura. Um projeto iniciado em 1998 por eles propõe a adoção do café orgânico ou do cultivo agroecológico, que emprega tecnologias sustentáveis de produção, optando ou não pela certificação como produto orgânico.
A diferença dessa pesquisa é que para aderir à novidade, a proposta é um sistema interativo: os agricultores são capacitados desde a formação de mudas até o plantio, condução da lavoura e na colheita e pós-colheita.
A tecnologia é desenvolvida de forma participativa, a partir do conhecimento tradicional dos agricultores, e conta com outras instituições parceiras da Epamig, como o Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata (CTA-ZM) e vários sindicatos e associações de trabalhadores rurais.
O sistema agroecológico além de auxiliar na preservação ambiental reduz a aplicação de insumos industrializados, e com isso diminui também o custo de produção. Segundo a pesquisadora Waldênia Moura, o agricultor familiar que opta pelo sistema, toma mais cuidado nas práticas de colheita e pós-colheita. “As famílias se dedicam às práticas de colheita (seletiva), lavagem (sistemas simples) e de secagem dos frutos nos terreiros (várias reviradas por dia) para garantir bebida de boa qualidade”, destaca.
O sistema já está presente em municípios da Zona da Mata de Minas (Araponga, Eugenópolis, Tombos, Espera Feliz, Pedra Dourada, Divino, Carangola, Ervália, Rio Pomba e Visconde do Rio Branco), do Sul de Minas (Heliodora, Santo Antônio do Amparo, Nova Resende e Jacuí) e em dois municípios do estado de Goiás (Alto Paraíso de Goiás e São João DAliança).
Por meio dessa interação com os produtores rurais, os pesquisadores desenvolveram metodologias para a avaliação da qualidade do solo e das lavouras, avaliaram 36 cultivares e selecionaram as mais adequadas às condições de cada região dentro da Zona da Mata, além de aprimoraram tecnologias para a obtenção de mudas de qualidade e métodos de adubação para diferentes sistemas produtivos.
Paulo e Waldênia se orgulham de perceber que, por meio da pesquisa, estão mudando a realidade dos agricultores familiares. “Esses agricultores comumente ganham concursos de qualidade regional e estadual e vendem seu produto em mercados diferenciados”, explica Paulo.
“Os produtores atendidos pelo projeto passaram a negociar o café que produzem. Eles se livraram dos atravessadores e hoje conseguem renda até quatro vezes maior, o que me deixa gratificado”, completa Waldênia.
Fonte: Agência Minas
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