DF regulamenta política de agroecologia e produção orgânica

Um decreto assinado pelo governador do Distrito Federal Rodrigo Rollemberg na última quinta-feira (16), no Palácio do Buriti, visa facilitar o financiamento para as atividades relacionadas à agroecologia e à produção orgânica. O decreto estimulará esses setores, priorizando-os em compras públicas.
O documento cria uma câmara setorial que deve elaborar um plano de fomento. O texto regulamenta a Lei nº 5.801, de 2017, sobre a Política Distrital de Agroecologia e Produção de Orgânicos do DF.
A partir desse decreto, abre-se a possibilidade de um maior incentivo para a área, com soluções como a ampliação de crédito rural para a agricultura, através do Fundo de Desenvolvimento Rural e do Prospera.
“A política voltada à agroecologia e à agricultura orgânica assegura o financiamento, prioridades em compras públicas para a área e pesquisas voltadas para o setor, garantindo maior sustentabilidade para a nossa agricultura”, afirmou Rollemberg.
Com o objetivo de facilitar a transição de produtores convencionais para a agroecologia e para a produção de orgânicos, o governo criará Centros de Agroecologia e Produção Orgânica. As unidades serão fontes para pesquisa, educação, fomento, capacitação e extensão rural.
“Sem a área rural, não faltam apenas alimentos, mas também água. Esse decreto orienta fazer uma política de desenvolvimento sustentável, para fomentar a agroecologia e a produção de orgânicos”, destacou o secretário da Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural, Argileu Martins.
No Distrito Federal, existem 288 propriedades certificadas como orgânicas, além de 58 preparadas para a conversão. São 300 produtores inseridos em base agroecológica e 1.130 em processo de transição para o modelo. Esses produtos são comercializados em 46 feiras orgânicas da capital e em 150 postos de venda. O setor movimenta mais de R$ 35 milhões por ano.

Pacto nacional beneficia agricultura familiar do DF e de mais oito estados
Na cerimônia também foi assinado um convênio entre a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do DF (Emater-DF) e a Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater), do governo federal, no valor de R$ 1.535.004,00. Os recursos vão beneficiar cerca de 500 famílias.
O investimento vem da adesão do Distrito Federal ao Pacto Nacional pelo Fortalecimento da Assistência Técnica e Extensão Rural. Também participam do programa os estados de Goiás, de Mato Grosso, de Minas Gerais, do Pará, do Paraná, do Rio Grande do Sul, de Rondônia e de São Paulo.
O documento foi assinado pelo presidente da Emater-DF, Roberto Guimarães Carneiro e pelo presidente da Anater, Valmisoney Moreira Jardim. Assinaram como testemunhas o governador Rodrigo Rollemberg, Argileu Martins e Jefferson Coriteac, secretário Especial da Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário do governo federal.
Outros investimentos para agricultura
Além do convênio de R$ 1,5 milhão, foram anunciados mais R$ 4,3 milhões para a agricultura do Distrito Federal. Três das captações são de emendas parlamentares do deputado federal Augusto Carvalho (SD):
- R$ 1.040.769 para compra de equipamentos (caminhões, pá carregadeira, veículos, entre outros). Os recursos são da Caixa Econômica Federal.
- R$ 500 mil para a aquisição de 896 tubos para revitalizar canais de irrigação do assentamento Pequeno William, em Planaltina. O repasse também é da Caixa e beneficiará 30 famílias.
- R$ 421,8 mil para fomento da produção de base agroecológica e agroflorestal, com aquisição de mudas, sementes e contratação de instrutor para fazer relatórios técnicos das propriedades selecionadas. O recurso vem da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário.
Também da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário, mais R$ 1 milhão será usado para apoiar assentamentos de reforma agrária e comunidades de agricultores familiares.
O dinheiro permitirá a compra de cinco tratores, cinco arados reversíveis, cinco grades aradoras, cinco rotoencanteiradores, cinco carretas e cinco distribuidores de fertilizantes.
Além disso, R$ 1,3 milhão será liberado pela pasta do governo federal para a criação da primeira unidade técnica do DF responsável pela execução do Programa Nacional de Crédito Fundiário. O programa possibilita que trabalhadores rurais sem terra e pequenos produtores do DF e do Entorno adquiram imóvel por meio de financiamento.
O produtor de orgânicos Francisco Lucena, de 65 anos, presenciou à cerimônia. Francisco trabalha na roça desde criança, quando ainda vivia no Ceará. Vivendo no DF há duas décadas, o produtor passou a produzir orgânicos há cerca de quatro anos, no Núcleo Rural Chapadinha.
Para ele, ter uma política pública voltada ao setor é ainda mais importante ao se considerar a escassez de água pela qual passa a capital brasileira. “Esse é o momento de preservar, para que nossos filhos, netos, bisnetos também tenham acesso aos recursos hídricos”, destacou o agricultor, conhecido como Chiquinho.
Fonte: Agência Brasília
Veja outras matérias similares:
Apesar do crescimento, setor orgânico ainda enfrenta desafios
Presidente do Instituto Akatu fala sobre as tendências de consumo alimentício no Brasil
SNA incentiva produção orgânica ao lançar manuais para técnicos e agricultores