ES: produtores em fase de certificação já podem comercializar orgânicos

A demanda por produtos orgânicos tem crescido bastante nos últimos tempos. Em busca de uma melhor qualidade de vida, cada vez mais brasileiros têm buscado consumir alimentos cultivados e produzidos sem o uso de agroquímicos. Diante desse cenário, o número de agricultores que optam por esse tipo de sistema vem aumentando.
Com o objetivo de incentivar ainda mais essa opção, no Espírito Santo, as instituições públicas federais e estaduais ligadas à agricultura têm ampliado os canais de comercialização através de feiras tanto para os produtores já certificados como para os que estão em processo de certificação, que pode levar cerca de dois anos para ser concluído.
As Feiras Agroecológicas são realizadas em shoppings da Grande Vitória. Nelas, agricultores familiares de todas as partes do estado vendem seus produtos. As feiras fazem parte do Programa de Fortalecimento da Agricultura Orgânica, coordenado pela Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag).
Nas feiras são comercializadas frutas, como banana, morango, coco, mamão, além de hortaliças de todos os tipos, grãos, legumes e produtos da agroindústria como pães, bolos, biscoitos, iogurtes e geleias.
“A agroecologia é a ciência. Quem adere a ela trabalha a proteção das nascentes, a conservação dos solos, a produção diversificada, como uma alface que cresce ao lado de uma couve e de outras coisas que dão equilíbrio ao sistema. É todo o processo sustentável, que também engloba a não utilização de agrotóxicos. Assim nós garantimos a qualidade de vida dos produtores e também dos consumidores, que nessas feiras têm a oportunidade de conhecer de perto quem produz mais de 70% dos alimentos que vão para a mesas dos brasileiros: o agricultor familiar”.
Aureliano Nogueira da Costa – Delegado Federal de Desenvolvimento Agrário do Espírito Santo – Representante da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead) no estado
Certificação Orgânica
No Espírito Santo, a certificação dos produtores orgânicos acontece por meio da auditoria de uma certificadora, que pode ser pública ou privada, ou por meio de uma Organização de Controle Social (OCS) submetida a uma comissão composta por instituições ligadas à agricultura. Esse processo leva cerca de dois anos para ser concluído. Ao longo desse período, é bastante comum que os agricultores ainda não certificados vendam os seus alimentos como produtos convencionais.
Dados da Seag sobre produção orgânica no Espírito Santo:
- Cerca de 1.300 produtores não utilizam produtos químicos nas lavouras;
- 300 produtores rurais já possuem certificação orgânica;
- 300 produtores encontram-se em fase de transição, ou seja, estão saindo do cultivo tradicional e adotando práticas agroecológicas;
- Juntando a produção dos produtores certificados e em transição, são colhidas cerca de 12.800 toneladas de alimentos por mês;
- Frutas e olerícolas são os produtos mais cultivados.
Jeferson Strey Arnholz, de 30 anos, é um dos agricultores que estão na fase final da certificação. O morador da comunidade de Alto Santa Maria, no município de Santa Maria de Jetibá, produz em sua propriedade temperos, chás, milho, feijão, além de legumes como pimentão, abóbora, jiló, berinjelas, batatas e comercializa os seus produtos na feira agroecológica de um dos shoppings de Vitória.
“Eu e outros agricultores estamos tendo a chance de engrenar nossas produções, fazer nosso movimento, vender nossos produtos. Antes nós tínhamos que esperar cerca de dois anos para isso acontecer.”
Jeferson Strey Arnholz – Agricultor em fase de certificação
O agricultor relata que, quando trabalhava com agricultura tradicional, começou a se sentir mal quando voltava para casa após os dias de trabalho. “Sentia dor de cabeça, pensei que não queria mais aquilo para mim. Eu já tinha a minha roça, mas eu não investia nela, aí surgiu uma oportunidade de mexer com a agroecologia e eu decidi arriscar. Você faz o trabalho com saúde para sua família e também para a família dos outros”, conta Jeferson.
Os agricultores em transição precisam ser auxiliados por instituições de assistência técnica e extensão rural, como cooperativas e associações, além de órgãos públicos como o Incaper, que fazem a verificação da condição orgânica dos alimentos produzidos e, junto a Seag, avaliam a possibilidade da participação desses agricultores nas feiras agroecológicas. Aqueles que já possuem a certificação devem procurar as mesmas entidades para informar o interesse em participar.
Feiras Agroecológicas
O estado do Espírito Santo ganhará mais quatro feiras agroecológicas esse ano, segundo a Secretaria de Estado da Agricultura. As feiras serão inauguradas nos municípios de Guarapari, na Grande Vitória; Cachoeiro de Itapemirim, no Sul; Linhares, no Norte; e Colatina, no Noroeste.
“Existe um crescimento mundial no consumo de orgânicos. Com as feiras que estamos implantando, o consumidor da Grande Vitória e, a partir deste ano, do interior do Estado, ganha novos espaços para adquirir os produtos, e os nossos agricultores familiares ganham a oportunidade para comercializar o que produzem.”
Octaciano Neto – Secretário de Estado da Agricultura
Com o objetivo de incentivar a produção de orgânicos, o Governo Federal criou o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (Planapo). Para saber mais sobre o programa basta clicar aqui.
Fonte: Portal do Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA
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