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Jovens trocam o escritório pelo campo nos EUA

28 de novembro de 2017
Feira de produtores orgânicos na Califórnia (Fevereiro, 2017). Foto: Sylvia Wachsner
Feira de produtores orgânicos na Califórnia (Fevereiro, 2017). Foto: Sylvia Wachsner

Quem vive no campo geralmente sabe das dificuldades para permanecer na atividade agrícola, especialmente no caso dos jovens. Mas, segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), pela segunda vez em 100 anos, o número de produtores ou pessoas com menos de 35 anos ligadas à atividades agrícolas cresceu no país. Nesse cenário um dado surpreende mais ainda: 65% dos jovens produtores entrevistados possuem diploma universitário, o que é muito mais alto que a média da população em geral.

Para os especialistas, essa mudança ainda não é suficiente para o desafio que a produção rural vem enfrentando com o envelhecimento de agricultores e pecuaristas. Mas, ainda assim, deve preservar a figura do médio produtor, fortalecendo a tendência de comprar alimentos localmente.

“Nós veremos uma mudança na agricultura americana para a próxima geração que vai para a terra. A única questão é se continuarão indo para o campo, dados os desafios”, é o que questiona a chefe do Instituto de Alimentos da Universidade George Washington e ex-secretária do USDA durante a administração Obama, Kathleen Merrigan.

A nível nacional, entre 2007 e 2012, o número de novos produtores nos Estados Unidos com idades entre 25 e 34 anos cresceu 2,2%, enquanto que o número de outros produtores da faixa etária inferior a 70 anos baixou em dois dígitos. Em alguns estados como Califórnia, Nebraska e Dakota do Sul, o número de novos fazendeiros cresceu 20% ou mais. Uma pesquisa do National Young Farmers Coalition indicou que a maioria dos jovens agricultores não foi criada em fazendas.

A pesquisa mostrou também que esses novos produtores estão mais propensos a produzir orgânicos, reduzindo drasticamente o uso de pesticidas e fertilizantes, além de fazer rotação de culturas e diversificar a produção animal. Uma boa relação com a comunidade e a participação em feiras orgânicas são as grandes ferramentas de comercialização desses produtores. Boa parte deles opera em áreas com até 20 hectares, mas as propriedades vem crescendo.

A consultoria AT Kearney revelou que, devido ao aumento da oferta, grandes cadeias de supermercados, como o Walmart, já estão aumentando seus programas de compras locais. Esses novos produtores também estão se associando para armazenar, processar e vender os alimentos de maneira coletiva, o que estaria preocupando os produtores convencionais.

Eve Turow Paul, consultora que presta assessoria para propriedades, afirmou que frequentemente recebe chamadas de grandes produtores, alguns dos maiores do país, questionando-a sobre quando acabará “a moda orgânica e local”. “É meu prazer dizer a eles: olhe para essa geração. Embarque nessa ou saia do négocio”, afirmou a consultora.

Fonte: Agrolink

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