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País ganha mais um inseticida natural

3 de dezembro de 2014
Piper Tuberculatum / Foto: João de Deus Medeiros
Piper Tuberculatum / Foto: João de Deus Medeiros

 O Brasil tem mais uma arma para enfrentar a lagarta-do-cartucho, o inimigo número um dos produtores de milho. É o óleo essencial extraído da planta Piper tuberculatum, conhecida como pimenta-de-macaco.

 O novo inseticida natural  pode controlar o avanço da lagarta-do-cartucho, praga que todo ano compromete até 40 por cento da produção de milho no País, causando grandes prejuízos. Além de repelente, o óleo é biocida, mata a lagarta logo nas primeiras aplicações.

 A conclusão é de uma pesquisa da Embrapa, realizada durante três anos, em Teresina. No estudo, concluído este ano pelo pesquisador Paulo Henrique Soares, da Embrapa Meio-Norte, ficou comprovada também a eficiência do óleo essencial no combate a outras pragas, como a vaquinha – Cerotoma arcuatus, pulgão preto – Aphis craccivora e o percevejo – Crinocerus sanctus, que atacam principalmente o feijão-caupi.

   Esse óleo tem 54 substâncias químicas naturais. O desafio da pesquisa agora é identificar quais ou qual dessas substâncias têm ação direta no extermínio dos insetos. São necessárias também pesquisas para definir o melhor manejo da planta, como espaçamento, adubação e irrigação, para uma maior produção de óleo por unidade de área. A Piper tuberculatum é uma planta que predomina em regiões tropicais, como o Nordeste brasileiro, e em áreas onde há um bom volume e frequência regular de chuvas.

 O potencial inseticida do óleo da pimenta-de-macaco foi aferido em laboratório e em ensaios de campo, buscando o controle de pragas na agricultura orgânica e de base familiar. Em laboratório, o primeiro passo foi extrair, através de um destilador,  o óleo das folhas e frutos do material vegetal seco em estufa e com circulação de ar.

 No experimento em campo, os pesquisadores usaram uma área de 2.500 metros quadrados com plantação do milho CMS 47. As plantas foram infestadas artificialmente com as lagartas desenvolvidas em laboratório. As aplicações com o óleo essencial e um tratamento com um inseticida químico recomendado para o controle da lagarta foram feitas simultaneamente na mesma área, 24 horas após a infestação.

Lagarta-do-cartucho / Foto: Clênio Araújo
Lagarta-do-cartucho / Foto: Clênio Araújo

As observações ao experimento aconteceram, seguidamente, 24, 48 e 72 horas após as aplicações. Em todas as observações, a eficácia do óleo essencial no combate às lagartas foi praticamente a mesma do inseticida químico, segundo o pesquisador Paulo Henrique Soares. Os ensaios em campo foram conduzidos na base física da Unidade durante um ano.

 No Brasil, de Norte a Sul, os agricultores já usam inseticidas naturais no combate a pragas e doenças. Os mais conhecidos e usados são  óleos essenciais da folha de canela – Cinnamomum zeylanicum, da folha de louro – Laurus nobilis, da folha de goiaba – Psidium guajava e de sementes de nim – Azadirachta indica. A eficácia deles foi comprovada em pesquisas realizadas na Universidade de São Paulo e na Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, há quase 10 anos.

Um novo caminho para mais pesquisas

 O resultado desse estudo, no entender do analista em agronomia Francisco Kim de Oliveira, da Embrapa Meio-Norte, abre uma trilha para novas pesquisas com plantas nativas, cujas essências podem gerar produtos alternativos para o controle de pragas e doenças, “dando sustentabilidade à cadeia produtiva de alimentos, e reduzindo, assim, o uso de agrotóxicos”.

 Crespo lembra que a produção agrícola convencional “trava uma verdadeira guerra contra os insetos, que estão no mundo há 250 milhões de anos, causando prejuízos econômicos e ambientais, devido ao uso de inseticidas químicos”. E mesmo com todo o “aparato de guerra”, como o professor classifica as ações dos produtores para vencer as pragas, a produção de milho no Brasil ainda “quebra” todo ano em até 40 por cento.

Fonte: Embrapa

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