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Pitaia orgânica no ES

21 de junho de 2021
Com o Monte Moxuara na paisagem, Moacir e a mulher, Raquel, cultivam mais de 60 variedades de pitaia. Foto: Safras ES

Depois de anos dedicados à empresa na área da Medicina do Trabalho, Moacir Dias Ferreira  retornou às origens agrícolas, em São Mateus, ao adquirir o Sítio Vista do Moxuara, há 21 anos, na localidade de Cangaíba, zona rural de Cariacica, ES. Plantou aipim e banana, mas a partir da pandemia ele é dono da maior área de cultivo de pitaia que se tem notícia no Espírito Santo. Aos pés do Monte Moxuara, as plantações da fruta, uma espécie de cacto originária da América Central, ocupam meio alqueire- o equivalente a 2,4 hectares- do total de 3 alq da propriedade. Outros 2,5 alq são de reserva de Mata Atlântica.

Tudo começou com pesquisas na internet na busca de solucionar seus problemas de ressecamento de pele e do intestino. O interesse de Moacir pela fruta só aumentou ao descobrir os benefícios à saúde e à economia familiar.

Sem encontrar mudas em Cariacica, foi a Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso comprar as primeiras plantas e  atualmente mantém 2.000 pés de pitaia com idade entre sete meses e um ano e quatro meses. Na safra de estreia, em 2020, ele colheu 1 tonelada da fruta.

O clima quente da região favorece a cultura e, até o fim deste ano, a previsão é dobrar a colheita com 3.000 plantas em produção. Os plantios são adensados para melhor aproveitamento do espaço. As plantas crescem acopladas num sistema conhecido como “Copa de Guarda Chuva”, com o uso de pneus no topo do toco para se desenvolverem com os galhos firmes.

Em vez do adubo químico, Moacir utiliza um composto orgânico feito com esterco bovino misturado à palha de madeira e de café. Uma máquina que tritura galhos ajuda no processo e coloca  fibra de coco para manter a umidade do solo. A matéria-prima é recolhida com vendedores de água de coco da Grande Vitória e processada na mesma máquina.

As mudas de pitaia já estão sendo produzidas pela Empaer e comercializadas por R$ 15,00 nas cores vermelha e branca. Foto: Welington Procópio – Empaer

Valor

Ao todo, são mais de 60 variedades cultivadas no Sítio Vista do Moxuara, sendo 20 delas de polpa vermelha. Algumas são mais exóticas e valiosas, a exemplo da Colombiana, que chega a custar R$ 69 o quilo. “Quem é ‘pitaieiro’ é apaixonado por descobrir variedades exóticas.

Segundo o produtor, quanto mais exótica for a variedade, mais valor de mercado ela vai ter. Ele cita a variedade Golden Israelense, de coloração amarela, que custa R$ 45 o quilo, contra média de R$ 20 o quilo de outras mais comuns. “A exportação de pitaia de Santa Catarina para Argentina em maio foi toda de Golden”, afirma.

O retorno financeiro compensa o investimento. Moacir Ferreira já pagou R$ 400 em uma muda que, segundo ele, foi uma pechincha considerando ser R$ 800 o seu preço de mercado. “Tenho pitaias auto férteis que não precisam de polinização e florescem sozinhas. Aqui já deu fruta com 978 gramas”, relata.

Os planos de Moacir e uma rede com 60 “pitaieiros” capixabas, a é exportar a fruta para a Europa, principalmente para Portugal, com a criação de uma cooperativa. De acordo com o agricultor, ainda falta volume de produção para atender à atual demanda internacional. “Em Santa Catarina tem agricultor produzindo 600 toneladas. Ainda não chegamos a esta realidade”.

Outro desafio é obter a certificação orgânica para a pitaia, cujo consumo majoritário é in natura, mas a ideia é agregar ainda mais valor à pitaia, por exemplo com sorvetes.

Leia a matéria completa, fonte: Safras ES

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