Produtores de Itaipava, no Rio de Janeiro, começam a contar os prejuízos
Os acessos às cerca de 40 propriedades na Estrada das Cachoeiras foram desbloqueados há dois dias e os tratores chegam, agora, para recuperar pontes e remover os troncos de árvores trazidos pela enxurrada. O local fica perto do Vale do Cuiabá, uma das áreas da cidade que registraram a maior quantidade de perdas humanas. Os telefones só voltaram a funcionar hoje (18) e a luz foi religada pelos próprios moradores.
O produtor Márcio Ferreira estima um prejuízo de R$ 40 mil. “Era todo o capital que eu tinha. Não sei como recomeçar”. Ele ficou ilhado cinco dias. Nesse período, bebeu água da piscina e compartilhou com vizinhos a pouca comida armazenada. Com ajuda de empregados e moradores da região, Ferreira conseguiu alugar um trator para retirar os troncos da porta de casa e dragar o córrego, na tentativa de drenar o solo ainda inundado.
O pequeno riacho, que antes das chuvas era bem estreito e chegava a ter 7 metros de profundidade, agora não passa de 40 centímetros e a água corre espalhada por todo o terreno.
“Estamos juntando os troncos, enterrando os animais, reconstruindo a rede elétrica, porque a água engoliu os postes, tentando salvar o que ficou”, contou o produtor, que perdeu a estufa, dois carros e as plantações de flores e hortaliças.
Na propriedade ao lado, que vende produtos orgânicos para todo o país, além da devastação provocada pela enxurrada, pedras rolaram sobre as áreas de cultivo e o prejuízo foi total. “Tem uma semana que não produzimos nada”, informou a responsável do Sítio Moinho, Verônica Bernardes, empresa participante do OrganicsNet. Eles acreditam que perderam cerca de R$ 80 mil.
Os produtores cobram ajuda governamental. O receio é que uma nova enchente carregue tudo e provoque mais tragédias nas casas que ficam no curso do córrego. Outra preocupação é com doenças, já que animais foram carregados pelas águas e estão apodrecendo em meio à vegetação arrastada pela enxurrada. Por meio da Diretoria de Agricultura, a prefeitura de Petrópolis informou que, até o momento, a prioridade são as áreas com vítimas e desparecidos.
Isabela Vieira – Enviada Especial da Agência Brasil
fonte: Agrolink