Rogério Dias fala sobre o avanço da produção orgânica no país

O Brasil é o país que mais usa agrotóxicos no mundo. Levantamentos feitos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária mostraram que, nos últimos dez anos, o uso de venenos na agricultura aumentou em quase duzentas vezes. Mas, na contra-mão desse sistema produtivo, um método de produção sem o utilização desses venenos vem se destacando. A produção orgânica vem crescendo e apresentando bons resultados no mundo todo, se consolidando como uma atividade positiva tanto do ponto de vista dos negócios, quanto para a saúde, produzindo alimentos mais saudáveis, livres de agrotóxicos.
Em recente entrevista concedida à jornalista Antônia Márcia Vale, para o programa Agenda Econômica da TV Senado, Rogério Dias, diretor da Associação Brasileira de Agroecologia, falou sobre a ascensão da agricultura orgânica no país. “Acho que temos bastante a comemorar porque o crescimento da produção orgânica não foi algo que aconteceu em cima de poucos produtos e poucos produtores, é um crescimento que se deu espacialmente, temos hoje produção orgânica no Brasil inteiro, em todos os estados”, explica Dias. “E esse crescimento se deu, também, na diversificação de culturas. Então, não estamos concentrados somente em produtos para exportação, em produtos que querem lá fora. Estamos trabalhando, em geral, com produtos do consumo interno. E muitos produtos de consumo regional, que são característicos daquele tipo de mercado local”, acrescenta.
Se antes o mercado orgânico era um mercado restrito a um pequeno número de consumidores, hoje o cenário é outro. O mercado está crescendo, atingindo um número cada vez maior de pessoas e se firmando como uma atividade lucrativa. “Eu acho que o mercado orgânico é comercial nos dois campos. Tanto num lado mais empresarial, onde você tem escala, volume de produção, colocação nos mercados convencionais, em grandes redes de supermercado. Mas, também, há um crescimento muito forte do mercado local, da venda direta, dos circuitos curtos. E esse é um movimento que vem crescendo no mundo todo. O fortalecimento da feira do bairro, do contato direto com o produtor, um produto cuja renda vai circular na sua própria comunidade. É um crescimento que vem junto com esse novo comportamento, ligado a um mercado justo. A produção orgânica está bastante afinada com esse processo”, analisa o diretor da Associação Brasileira de Agroecologia.
Assista ao vídeo com a entrevista completa:
Fonte: Programa Agenda Econômica – TV Senado
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