São Paulo implementa protocolo de transição para agroecologia

Em São Paulo, onde há um protocolo para a transição, já chega a 2.038 o número de propriedades com agricultura orgânica. Aracy Kamiyama foi a representante da Secretaria Estadual de Meio Ambiente de São Paulo em uma audiência pública realizada na última terça-feira (7) e explicou que o protocolo de transição traz “diretivas técnicas” que orientam o agricultor a implementar as mudanças efetivamente.
Tais diretivas preveem práticas de conservação do solo, controle de erosão, uso de fertilizantes orgânicos e adubos verdes, uso racional e aproveitamento da água, manejo ecológico de pragas e doenças, correta destinação de resíduos sólidos e adesão ao programa de regularização ambiental (PRA).

“É um check-list com verificações continuadas em campo. O prazo para a transição é de cinco anos e, a partir das avaliações, o agricultor recebe uma declaração de que está em transição ou o certificado de transição efetiva”, explicou Kamiyama .
O estado busca agora aperfeiçoar os arranjos institucionais para acelerar a transição: além de feiras, há o esforço para colocar a produção orgânica nos programas de compras públicas, como o de merenda escolar, por exemplo.
Distrito Federal
O presidente da Emater-DF, Roberto Carneiro, explicou que a própria instituição – ainda com muitos técnicos que só seguiam os métodos convencionais – está em fase de transição com foco nas ações agroecológicas de extensão rural pública. Já o trabalho em campo, com os agricultores, é voltado para o intercâmbio e a difusão de técnicas por meio de unidades de experimentação e de excursões a propriedades de produção orgânica. “Quem vê pensa logo em mudar as práticas”, afirma.
Níveis
O chefe-geral da Embrapa Meio Ambiente, Marcelo Morandi, acrescentou que há vários níveis de transição: aumento da eficiência das práticas, redesenho do agrossistema e substituição de insumos e práticas. Também citou exemplos bem-sucedidos de morango, maçã e vinho em sistema de “produção integrada agropecuária”, que usa insumos químicos da forma correta.
Ele argumentou que, se corretamente prescritos e manuseados, os agrotóxicos podem ser usados dentro dos critérios de boas práticas e de uso racional desses produtos.
Fernando Alonso, representante da empresa Native, que cultiva a cana de açúcar na Usina São Francisco, no interior de São Paulo, apontou entre as práticas sustentáveis adotadas: a colheita sem queimada, a integração à vegetação nativa, a adubação verde com rotação de cultura e a extração apenas dos açúcares. “Todos os outros nutrientes são reciclados e voltam para o campo, com resultados positivos na redução das emissões de carbono, na produção de água (rios) e na recuperação da fauna”, completou.
Nota: Aracy Kamiyama é a autora do estudo “Produto orgânico – Vamos falar sobre comercialização” publicado pela Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) através do seu Centro de Inteligência em Orgânicos. Acesse a publicação completa clicando aqui.
Fonte: Agência Câmara Notícias
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