Sem abelhas, sem alimento
Reduzir o uso de pesticidas tóxicos que causam o desaparecimento de abelhas em larga escala é um dos objetivos da campanha coordenada pelo professor do Departamento de Biologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da USP, Lionel Segui Gonçalves. Atualmente aposentado da USP, o professor preside o Centro Tecnológico de Apicultura e Meliponicultura do Rio Grande do Norte (Cetapis).
Lionel criou e coordena o movimento “Bee or not to be?” que busca assinaturas on-line para a Petição pela Proteção das Abelhas, a qual será entregue às lideranças governamentais.
A iniciativa, que já conta com milhares de assinaturas, baseia-se em estudos que apontam associação entre redução das populações de abelhas e uso de agrotóxicos. Segundo Lionel, este desaparecimento traz como principal consequência a falta de alimentos. “Aproximadamente 70% dos alimentos que consumimos dependem da polinização das abelhas. Elas também polinizam as áreas verdes. Assim, se elas acabarem, podemos sucumbir por falta de oxigênio”.
Problema é global
O problema, já considerado mundial, atinge quatro estados brasileiros (Piauí, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e São Paulo). Entre as alternativas para proteção de abelhas está a substituição de agrotóxicos e pesticidas pelo controle biológico. “É preciso também aumentar as áreas verdes, proteger o meio ambiente, cultivando plantas de interesse das abelhas para que elas possam proliferar”, defende Lionel.
Daniel Maluzá, publicitário e coordenador da campanha Bee or not to be? (em português, literalmente “abelhas, ou não existir”, um paralelo ao slogan “sem abelhas, sem alimento”), explica que o objetivo é conscientizar para a importância da polinização.
Como forma de chamar a atenção das autoridades, foi criada uma petição on-line em favor das abelhas. Segundo ele, “a pessoa só precisa fornecer o nome e o e-mail”. Há também um amplo trabalho de conscientização em escolas, esclarecendo, desde cedo, crianças e adolescentes sobre a importância destes insetos.
Os primeiros relatos de desaparecimento de abelhas em larga escala surgiram em 1995, nos Estados Unidos. Mas só em 2007 o problema foi discutido oficialmente, durante Congresso Mundial de Apicultura. Recentemente, o Departamento de Agricultura dos EUA divulgou a morte de um terço das abelhas no inverno de 2012/2013. Além disso, nos últimos seis anos, o número de colônias de abelhas caiu 30,5%.
Estudos concluíram que as abelhas apresentam Colony Collapse Disorder (CCD), também conhecida como Síndrome do Desaparecimento de Abelhas. O mal afeta o sistema nervoso desses insetos, com prejuízo da memória e senso de direção. Ao saírem em busca de néctar e pólen, elas se perdem e não conseguem retornar para as colmeias.
O manifesto pela proteção das abelhas está integralmente disponível no site Sem Abelhas, Sem Alimento. O coordenador do movimento, professor Lionel, pede a ajuda da população e faz um alerta: “se perdermos as abelhas seremos os primeiros prejudicados”. A campanha cita Albert Einstein: “Se as abelhas desaparecerem da face da Terra, a humanidade terá só mais quatro anos de existência. Sem abelhas, não há polinização, não há reprodução da flora. Sem flora não há animais, e sem animais não haverá raça humana”.
fonte: DCI