Sementes: as peças que faltam no quebra-cabeça dos orgânicos
O agricultor Kip Bichsel da “Love Farm Organics” em Oregon nos Estados Unidos começou a plantar vegetais orgânicos há mais de uma década. Nessa época, praticamente não haviam sementes orgânicas no mercado. A ofertam tem melhorado a cada ano, mas o produtor estima que 40% das sementes que compra não são orgânicas. “Em alguns casos, como brócolis e repolho, tem sido ainda mais difícil comprar sementes biologicamente adaptadas para o nosso tipo específico de solo”, afirma.
No Brasil, a situação não é diferente Não existem sementes orgânicas para todas a culturas. Existem algumas alternativas, como a comercialização feita pela Bionatur ou o uso de suas próprias sementes pelos agricultores familiares. De qualquer forma, a produção é limitada. Consequentemente, quase todos os produtores orgânicos utilizam sementes convencionais não tratadas.
Um recente estudo feito pela Organic Sedd Alliance (OSA) reafirma todas essas informações. Foi descoberto que a oferta de sementes orgânicas não tem conseguido acompanhar a crescente demanda de produtos orgânicos que inclui um crescimento de 11% entre 2014 e 2015 e no ano passado somou U$43 bilhões.
Mesmo sem usar pesticidas sintéticos, fertilizando e seguindo outros requisitos, as sementes realmente precisam ser cultivadas de maneira orgânica também? Agricultores como Bischel acreditam que sim, porque eles acreditam que nem toda semente é igual.
A maioria das sementes comerciais são produzidas partindo do pressuposto que durante o cultivo haverá um considerável uso de fertilizante. Mas, os agricultores orgânicos, que se apoiam em um ritmo mais lento, aguardando a liberação de nutrientes pelo solo orgânico, isso pode ser “desastroso”, afirma o produtor.
O relatório da OSA encontrou um aumento no número de agricultores que usam exclusivamente sementes orgânicas. O número cresceu de 20 para 27%. Em todos os tipos de plantações, mais de 30% dos agricultores usam mais esse tipo de semente do que usavam há 3 anos. Mas, assim como é o caso de Bischel, a maioria dos produtores orgânicos ainda dependem de alguma da forma das sementes produzidas de forma convencional.
Melhoramento Vegetal
Apesar dos investimentos públicos e privados para o melhoramento vegetal terem aumentado de 9 para 31 milhões de dólares nos últimos 5 anos, é necessário um valor ainda maior para ir de encontro à crescente demanda, afirma Matthew Dillon, diretor da iniciativa “Seed Matters”. Segundo ele, “não podemos depender do setor público para tudo” e complementa, “nós precisamos que mais empresas também se envolvam”.
Por outro lado, Mac Ehrhardt, um produtor orgânico independente do estado de Minnesota tem uma visão otimista. “Eu estou vendo cada vez mais jovens interessados em agricultura e produções orgânicas, isso me deixa muito entusiasmado”. A maioria desses novos produtores estão interessandos em comercializar sementes. Mas para isso, precisam enfrentar a falta de treinamento, encontrar boas oportunidades econômicas e bons processos de produção.
Além de incentivar o desenvolvimento da pesquisa sobre melhoramento vegetal, a OSA espera ver o mercado orgânica se expadindo ao redor do país. O grupo deseja também explorar políticas que incentivem uma maior participação dos agricultores na indústria das sementes.
Bischel está motivado: “Ainda existe um longo caminho para percorrer, mas as coisas estão seguindo na direção correta”, ele afirma.
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