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Técnicos e agricultores investem na produção de cachaças especiais

24 de novembro de 2014
Foto: Canal da Cana
Foto: Canal da Cana

 O segmento das cachaças especiais vem ganhando espaço dentro e fora do país. Elas são feitas de forma artesanal, em pequenas quantidades. Através dos investimentos para melhorar a qualidade da bebida, agricultores ganham cada vez mais respeito no mercado.

 Especialista em cachaça, o químico Erwin Weinmann conta que hoje a fabricação artesanal da bebida emprega mais gente no Brasil, do que a indústria automobilística. “A cachaça artesanal gera mais de 500 mil empregos. A indústria automobilística gera 220, 230 mil, afirma.

 O dado não leva em conta as grandes indústrias. Estamos falando apenas dos alambiques artesanais. Empresas pequenas, que investem mais em qualidade do que em quantidade. Estima-se que hoje existam cerca de 30 mil destilarias artesanais no Brasil, que produzem por ano algo em torno de 500 milhões de litros de cachaça.

 O produtor ainda pode misturar essas bebidas diferentes para fazer blends. Weinmann explica como descobrir se uma cachaça é boa ou não. “A primeira é a transparência da cachaça. Ela tem que estar untuosa e fazer algumas lágrimas ao redor da taça”. Quanto mais tempo no barril, melhor a bebida. No alambique existem cachaças envelhecidas de 1 a 12 anos. As melhores são engarrafadas em um processo bem artesanal, com rótulos e lacres colocados um a um, manualmente.

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Evandro Weber, diretor comercial da Weber Haus.

Evandro Weber, diretor comercial da empresa Weber Haus, conta que há dez anos trocaram o cultivo convencional da cana pelo sistema orgânico. “Nós aplicávamos com a mão na uréia, e sempre tinha que ser em dias molhados. Um certo dia eu queimei as pernas e as mãos e abriu, virou uma ferida e em 2004 tomamos a decisão de não usar mais porque eu fiquei quase três semanas com a pele aberta”, conta.

 O canavial da propriedade tem 22 hectares. Todos os resíduos produzidos na fabricação da cachaça voltam pro campo em forma de fertilizante. O bagaço da cana e o vinhoto, líquido que sobra no processo da destilação, são transformados em composto orgânico. O vinhoto também é aplicado puro no canavial. Como explica o agrônomo, Fábio Sato, que dá assistência técnica à propriedade. “Ele é rico em matéria orgânica, principalmente em nitrogênio, que é o principal nutriente que acelera a decomposição da matéria seca e os outros nutrientes que ele fornece pra cana”, diz.

 “Em média, hoje colhemos 105 toneladas de cana por hectare. É uma boa produtividade para um sistema orgânico. Aqui no Rio Grande do Sul, a média é de 60, 70 nos sistemas convencionais”, afirma o agricultor Evandro Weber.

 Weinmann conta que a diversidade da flora nativa do Brasil, também nos dá uma grande variedade de madeiras que enobrecem a cachaça: “Nós temos mais de 25 madeiras cadastradas e em condições de envelhecer bebidas”.

  Há um investimento muito grande na apresentação das cachaças. Inclusive, uma variedade enorme de garrafas e uma ainda mais especial, feita em comemoração aos 65 anos da empresa, cujo rótulo é folhado a ouro. “A gente faz o nosso próprio molde de garrafa, registra como patente esses moldes, e nenhuma outra cachaçaria pode usar esse molde porque é de propriedade intelectual nossa”, conta Evandro Weber.

Foto: Organicsnet

 

Fazendo sucesso mundo afora, a cachaça Weber hoje garante o sustento de cinco famílias. Evandro Weber afirma que além de ganhar dinheiro, aqui se trabalha para dar à bebida típica do Brasil o reconhecimento que ela merece: “Acho que é um produto nosso, nós temos que valorizar e nós vamos levantar a bandeira da cachaça e vamos chegar a dizer: cachaça com muito orgulho”, declara.

Clique aqui e assista à reportagem.

Fonte: Globo Rural

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