Vinhos orgânicos e suas questões
Em entrevista concedida ao site “Movimento Ecochic Day”, projeto inédito no mundo, que visa identificar, valorizar, reconhecer e divulgar criadores e artistas com ecotalentos, e dar apoio à iniciativas de empreendedores e empresas, o jornalista de vinhos, Luiz Horta, colunista do Estadão que possui o blog “Paladar”, falou sobre vinhos orgânicos. O projeto Movimento Ecochic Day foi idealizado por Mônica Horta (diretora criativa) e Cael Horta (diretora executiva).
Confira abaixo a entrevista completa.
O que é exatamente um vinho orgânico?
Vinho orgânico é o que não leva pesticidas, fertilizantes ou outros químicos no vinhedo.
Existem vários tipos?
Dentro da categoria entram os biodinâmicos (que seguem os preceitos agrícolas de Rudolph Steiner, obedecendo o calendário lunar e usando compostos dinamizados para equilibrar o solo, etc.), os naturais (que não usam dióxido de enxofre no engarrafamento, os sulfitos) e os orgânicos mais gerais, os citados antes, que apenas eliminam os químicos da plantação.
Como são produzidos?
Com controles naturais de pestes, e sem pulverização de nada que não seja orgânico (chá de camomila, por exemplo, pode).
Onde são produzidos aqui no Brasil?
A produção no Brasil é irrisória, não deve contar nem 1% da produção total.
Como é a produção mundial?
Crescente, principalmente na França. Depende muito do país, pois há climas que favorecem vários tipos de fungos e pragas.
Quem regula essa produção e os certifica como orgânicos?
Há diversos certificadores, o mais respeitado dos biodinâmicos é o Demeter, mas há Ecocert e entidades menores, locais.
Quais são as peculiaridades deles? Cor, textura, sabor…
É muito difícil notar diferenças. Apenas os naturais são fáceis de perceber, pois não são filtrados e costumam ser turvos, com muita matéria residual e traços fermentativos (algo que lembra um pouco a cerveja). Os demais, embora haja polêmicas, são pouco difíceis de reconhecer apenas no exame olfativo e gustativo.
Quais são as vantagens de se consumir um vinho orgânico?
Menos venenos na uva, menos venenos no líquido. Quem quer beber agrotóxicos?
Como uma pessoa leiga pode reconhecer um orgânico?
Lendo o rótulo e vendo a certificação de um instituto sério ou sabendo ser um produtor idoneo. Não tem muito jeito de reconhecer, como disse antes.
Como é a diferença de preço?
Começaram bem mais caros. Hoje os valores dependem do produtor e da região, já não há diferença de preço pelo fato de serem orgânicos.
Quais são os tipos facilmente encontrados?
Os chilenos e argentinos estão mais à mão e são menos caros.
E os melhores?
Depende do gosto, os mais famosos são os de Nicolas Joly, produtor do Loire, da denominação de origem Savennières, os Clos du Coulée de Serrant, pois Joly é o papa da biodinâmica no mundo, um pregador missionário deste tipo de agricultura. Mas custam 3 dígitos em euros…
Como deve ser a conservação deles?
Os naturais são mais delicados, pois os sulfitos protegem os vinhos e eles não levam o gás, portanto devem ser resguardados de calor e luz, mais que os demais vinhos.
Qual a temperatura ideal para serem ingeridos?
Depende do tipo de vinho, nisto seguem os vinhos convencionais.
E a forma… como devem ser acompanhados?
Igual, o que vai bem com branco, vai com branco orgânico, não muda nada. Mas para ser coerente, melhor consumi-los com produtos orgânicos também, não?
Fonte: Movimento Ecochic Day